O presidente Jair Bolsonaro (PL) teceu novos elogios públicos ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), nesta segunda-feira (10/1). Em conversa com apoiadores em Brasília (DF), Bolsonaro afirmou que Zema deve conseguir a reeleição com tranquilidade e mencionou o congelamento, a níveis pré-pandemia, da tabela deste ano do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
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"Ele congelou o IPVA este ano. Foi um 'projetinho' do Bruno Engler. São Paulo aumentou 22% ", completou Bolsonaro.
Bruno Engler (PRTB), autor da ideia de congelar o tributo, é um dos políticos de Minas Gerais com proximidade a Bolsonaro. Para acompanhar o presidente, deve, inclusive, rumar ao PL.
Apesar da citação elogiosa a Zema por causa do IPVA, o tema gerou desgaste entre o governador e a Assembleia Legislativa no fim de 2021. O Palácio Tiradentes acusou os deputados estaduais de violar a Constituição Estadual por terem votado o projeto sobre o tributo antes da análise da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) federal.
O governador, por meio da Advocacia-Geral do Estado (AGE), chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para invalidar a votação sobre o IPVA. O pleito, no entanto, foi negado pela Corte.
A alegação era que a entrada no Regime de Recuperação Fiscal tramita em regime de urgência e, por isso, nenhuma ideia poderia passar pelo crivo dos deputados antes do tema. Para driblar a regra, no entanto, os parlamentares lançaram mão do chamado "rito COVID", que dá prioridade a qualquer proposta ligada ao enfrentamento à pandemia. A ideia de congelar o imposto veicular se enquadrou na categoria e, assim, tomou à frente.
Apoio a Zema, mas 'aliança' com o PT
Se quiser apoiar o governador, no entanto, o PL precisará resolver uma questão interna para lá de curiosa. Na Assembleia, o partido compõe formalmente o bloco de oposição ao governador, liderado pelo PT e engrossado por PSOL e PCdoB. A participação dos liberais na coalizão é meramente pragmática, a fim de potencializar a atividade legislativa de seus deputados, mas chama a atenção.
"O bloco, de maneira nenhuma, interfere na atuação ideológica do partido, que é da base do governo Zema e nunca votou com a oposição. Isso foi acordado desde o início da formação do bloco. Poderíamos participar, seria bom para o partido, mas desde que, além da participação nas comissões, houvesse liberdade para que votássemos como quiséssemos", explicou Léo Portela, ao EM.
Zema garante apoio a presidenciável do Novo
Apesar dos acenos de Bolsonaro, o governador mineiro tem evitado falar sobre a possibilidade de estar ao lado do presidente em um palanque neste ano. A ideia é apoiar o cientista político Felipe d'Ávila, que o Novo deseja lançar na disputa ao Palácio do Planalto.
"Eleição é no segundo semestre de 2022. Meu foco, neste momento, é administrar Minas Gerais e resolver os grandes problemas que temos na segurança, na saúde e na educação. Da mesma forma que antes em minha vida, não tenho acompanhado política, eleição, até porque está muito distante", falou Zema, à reportagem, em dezembro.
Na semana passada, Bolsonaro já havia elogiado Zema por causa do IPVA. Os afagos se tornaram constantes do ano passado para cá. O presidente chegou a comparar a relação entre eles a um "casamento".