Em meio às chuvas que assolam Belo Horizonte desde o início deste ano, internautas resgataram um tuíte do vereador bolsonarista Nikolas Ferreira (PRTB) "comemorando" o veto da Câmara Municipal, em março de 2021, a um pedido da prefeitura para tomar R$ 907 milhões emprestados. A ideia era utilizar as cifras para bancar obras de contenção de enchentes e urbanização de ocupações no entorno da Avenida Vilarinho, a Região de Venda Nova.
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Chuvas: Kalil começa a atuar do Centro de Operações de BH nesta terça (11)Minas deve ter grande volume de chuvas até terça-feira (11/1)Bolsonaro sobre Romeu Zema: ''Deve ser reeleito tranquilo''"Derrubamos o empréstimo de 1 bilhão que a prefeitura solicitou para a Câmara. Jamais entregaria esse dinheiro nas mãos de um irresponsável como você. A cidade não é sua, Gargamel. Durma bem", escreveu Nikolas em 16 de março do ano passado, dia do veto à proposta do poder Executivo.
A quantia era vista como essencial para fortalecer o Programa de Redução de Riscos de Inundações e Melhorias Urbanas na Bacia do Ribeirão Isidoro. Ocupações populares como Izidora, Helena Greco, Dandara, Vitória e Rosa Leão seriam beneficiadas pelo aporte.
Nesta terça-feira (10/1), Nikolas voltou a se manifestar sobre o tema após a enxurrada de críticas.
"O empréstimo de 1 bilhão de reais não iria para a Vilarinho. Não tem nem a palavra Vilarinho no projeto. Inclusive, estão concluindo as obras sem esse dinheiro. Oposição usando tragédia para tentar queimar reputações. O nível é muito baixo", pontuou.
A proposta, no entanto, trata da Bacia do Isidoro - no projeto, há menção, justamente, a esse nome. A bacia é composta por quatro córregos principais; um deles, o Vilarinho, que corta a avenida homônima. Daí, a relação entre a famosa via da Região Norte e o empréstimo. A bacia tem, ainda, os cursos d'água Terra Vermelha, Nado e Floresta.
Apesar da decisão do Legislativo belo-horizontino, as obras seguiram. No último dia 3, a Prefeitura de BH concluiu uma caixa de captação no estreitamento do Ribeirão Isidoro, na Avenida Vilarinho com as ruas Doutor Álvaro Camargos e Maçom Ribeiro.
O objetivo é drenar o excesso de águas sobre as vias durante os eventos chuvosos mais intensos, reduzindo o risco de elevação da lâmina d'água na região e o tempo de permanência da água sobre a pista.
Polêmicas marcaram votação
A sessão em que o projeto foi rejeitado acabou marcada por polêmicas. O líder do governo Kalil na Câmara, Léo Burguês (PSL), acusou parte dos colegas de terem votado contra a proposta por "brigas políticas"."Vi vereadores vibrando na hora em que o projeto da cidade foi derrotado", falou, à época, sem dar nomes.
A única abstenção registrada foi de Cláudio do Mundo Novo, do PSD, partido de Kalil.
Em junho, ao Estado de Minas, o prefeito lamentou o resultado. "Aquilo foi um crime. Um crime contra a pobreza. Um crime contra a fome. Um crime contra (soluções para a) inundação. Aquilo é crime. É o dinheiro mais barato do mundo, que foi politizado. Por ignorância, porque eles achavam que era um dinheiro que eu usaria como prefeito", disparou.