(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

Aliança entre Lula e Alckmin para o Planalto começa a perder força

Ex-tucano não gostou das declarações do petista sobre intenção de revogar reforma trabalhista de 2016


11/01/2022 04:00 - atualizado 11/01/2022 07:05

 Lula e Alckmin
Eventual aliança entre Lula e Alckmin gera críticas de alas mais radicais e da esquerda e também da centro-direita (foto: RICARDO STUCKERT)
Brasília – O flerte entre Geraldo Alckmin e Lula para as eleições deste ano ganhou seu primeiro ponto de discordância após o petista e outras lideranças do partido defenderem a revogação da reforma trabalhista — em vigência desde o governo Michel Temer. A intenção da cúpula petista, anunciada após a revogação da legislação trabalhista na Espanha – que serviu como modelo para a adotada no Brasil em 2017 –, pode afastar a aproximação de Lula do centro. Diante da situação, Alckmin demonstrou preocupação com o posicionamento do ex-presidente e já conversa com outras legendas sobre o seu futuro político.

O plano de se aproximar de políticos e partidos fora da esquerda faz parte de uma estratégia para tentar liquidar as próximas eleições ainda no primeiro turno, possibilidade mostrada em pesquisas eleitorais. No entanto, nos últimos dias, o Lula e alas do PT, como a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defenderam nas redes sociais a completa revogação da reforma trabalhista.

“Está na hora de revogar o que deu errado: Lei do Teto, a reforma que não gerou empregos, política de preços dos combustíveis. Deter a privatização selvagem e rever os contratos lesivos ao país”, declarou a parlamentar.

A preocupação com o tema foi expressada por Alckmin ao presidente do Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SP), durante café da manhã entre os dois ontem, na capital paulista. O sindicalista aproveitou a ocasião para convidar o ex-tucano para se filiar à legenda. Segundo o político, a conversa já tinha sido abordada antes e, agora, “é só aguardar”.

O advogado trabalhista e professor de direito do trabalho do Centro Universitário de Brasília (Ceub) Claudio Santos entende que a reforma tem pontos positivos, mas não entregou o seu principal objetivo: geração de empregos. “Não facilitou a criação, não gerou novos contratos. Por mais que a economia não tenha ajudado, a reforma não cumpriu a missão que ela queria que era diminuir desemprego”, apontou.

O especialista cita aspectos positivos da legislação como, por exemplo, o trabalhador poder escolher como irá tirar suas férias ou como negociar suas horas extras, se em folga ou remuneração, mas destaca que a revogação de tudo que foi feito em 2017 pode ser positiva para o mercado. “Nesse caso, as leis trabalhistas se enquadrariam ao que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende como positivo para o trabalhador e fortaleceria os direitos coletivos”, concluiu.

DIFERENÇAS IDEOLÓGICAS


Na avaliação do cientista político André César, essa é apenas uma de muitas questões de caráter ideológico que diferenciam  Lula da centro-direita. O especialista também destacou que o petista se equivocou ao colocar em discussão um tema como esse. “Eu acho que é um erro crasso por conta da história do Lula. Ele colocou na mesa um tema complicado e polêmico e que não estava em pauta. A mídia reagiu, o mercado reagiu e os adversários também”, disse.

Para César, Alckmin poderia fazer alianças mais estáveis, caso queira disputar algum cargo no pleito de 2022. “O partido mais ‘natural’ depois que ele saiu do PSDB, seria do PSD, de Gilberto Kassab. Para o Alckmin, é uma legenda muito mais interessante, que tem um guarda-chuva muito maior, que tem estrutura e pretensões fortes”, observou.

Adversários históricos, a possibilidade de aliança entre Lula e Geraldo Alckmin gerou críticas nas alas mais radicais da esquerda e dos eleitores da chamada centro-direita. Isso porque os dois políticos já tiveram desavenças e teriam agendas conflitantes em relação às demandas do país.

Para o cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o comportamento dos políticos demonstra uma espécie de promoção pessoal. “Eles foram adversários e, em certo momento, eu diria até que foram inimigos. É uma incoerência muito grande porque são adversários históricos. Então, vai ser difícil não passar uma imagem de oportunismo se unindo àqueles que sempre se combateram”, observa.
 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)