Jornal Estado de Minas

COSTURAS

Petista de Minas defende aliança mais ao centro para alavancar Lula

Parte do PT defende que a sigla faça acenos à centro-direita e ao centro para viabilizar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, também, garantir governabilidade à eventual nova gestão petista.



O deputado federal Odair Cunha (MG) é um dos quadros da legenda que defende a aproximação a outros espectros políticos. Em meio às discussões, há o nome de Geraldo Alckmin, por muitos anos filiado ao PSDB, e um dos cotados para ser o vice de Lula.

Odair afirma que é preciso construir uma coalizão capaz de permitir que a agenda política defendida por Lula consiga ser colocada em prática.

"Trata-se de uma aliança programática em torno de viabilizar a implementação de um programa que ganhe as eleições e seja implementado depois. Não tenho dúvidas de que lideranças de centro e centro-direita serão importantes na implementação do projeto que o presidente Lula tem para o Brasil", disse, em entrevista ao Estado de Minas.



A reportagem questionou Odair, então, sobre até onde Lula poderia ir para atrair parte do centro e da centro-direita. O parlamentar respondeu listando quadros do PSD.

"Entendo que o diálogo com o senador Rodrigo Pacheco é importante. O diálogo com o presidente Gilberto Kassab também é importante – e com essas bancadas na Câmara dos Deputados", ilustrou.

Segundo ele, Alckmin, ainda sem partido, pode ajudar na captação de outras forças políticas. "Não só para ganhar as eleições, mas para governar depois", reiterou.

Ex-governador de São Paulo, Alckmin é aventado em algumas legendas. O PSB surge como forte opção para dar abrigo ao médico. Impasses em torno de alianças regionais, porém, precisam ser resolvidos.

Lula mostra simpatia a costura com Alckmin

O ex-presidente não garante eventual composição com Alckmin por causa, justamente, da indefinição sobre os rumos partidários do politico. Apesar disso, afirmou, na quarta (19), não enxergar "nenhum problema" em se aliar a ele para ganhar a disputa de outubro e governar o Brasil.



"Não sou candidato para ser protagonista. Sou candidato para ganhar as eleições. Ganhar é mais fácil do que governar, e governar significa ter adquirido possibilidades muito grandes de conversar com as pessoas. Por isso, precisamos fazer alianças, construir parcerias", observou, em entrevistas a veículos da mídia independente.

Apesar de abrir caminho para a costura com Alckmin, Lula lembrou do mineiro José Alencar, seu vice-presidente entre 2003 e 2010. Empresário, Alencar chegou ao governo federal filiado ao PL e, depois, se transferiu ao PRB.

"Que ele esteja ouvindo o que estou falando, porque ele tem que provar que ele vai ter que ser igual ou melhor que o José Alencar, e aí eu estarei muito tranquilo. Porque o vice tem que ajudar a governar esse país".

Contra críticas, ideia é mostrar papel de frente ampla contra 'retrocessos'

Uma das vozes contrárias à união Lula-Alckmin é Rui Falcão, ex-presidente nacional do PT e coordenador de campanhas de Dilma e Lula. Segundo ele, o antigo tucano é uma "contradição" aos planos petistas. Falcão vê empecilhos por causa de políticas "ultraconservadoras" encampadas por Alckmin na gestão em São Paulo.



" dá uma sinalização muito negativa para uma campanha que tem que ser aguerrida, mobilizada e com a construção de comitês de defesa da eleição do Lula que permaneçam depois como comitês de apoio do programa de transformação", criticou ele, nesta semana, à Folha de S. Paulo.

Embora afirme respeitar opiniões dissidentes como a de Falcão, Odair Cunha afirma que o contexto brasileiro pede a formação de coalizões que aglutinem pessoas de diferentes pensamentos.

Ele critica o governo de Jair Bolsonaro (PL), fala em "retrocesso civilizatório" e cita males como racismo, misoginia e negacionismo científico.

"Contra esses males, é necessário haver uma aliança nacional. Com certeza, quadros políticos como o ex-governador Alckmin contribuem – e muito – nesse movimento nacional contra o fascismo, que ganhou força com o governo Bolsonaro."

"Não podemos estabelecer barreiras ideológicas ou de opinião pessoal em torno de um momento tão grave. Entendo que Alckmin sempre será bem-vindo nesse movimento nacional contra o fascismo", pontuou o deputado por Minas.

audima