O PT tem debatido internamente os rumos da legenda na eleição de outubro em Minas Gerais. Uma eventual aliança com Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte, não está descartada, mas dois grupos tentam emplacar pré-candidaturas ao governo. Uma ala defende Daniel Sucupira, prefeito de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. Jésus Lima, ex-prefeito de Betim, na Região Metropolitana de BH, também lançou a sua pré-candidatura.
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"O partido, historicamente, sempre teve candidato em Minas Gerais. Por que agora, com Lula candidato a presidente e quadros importantes do partido em Minas se colocando à disposição, não teríamos um candidato próprio?", diz, ao EM.
No PT, a avaliação é que a legenda precisa levar, a qualquer mesa de negociação com outros partidos, nomes que podem compor chapas eleitorais. Prova disso é que o deputado federal Reginaldo Lopes é bem avaliado para disputar o Senado Federal.
"O cenário político vai se dando de acordo com a construção das candidaturas. Você não consegue discutir alianças se não tiver nomes para apresentar dentro das possibilidades de costuras", defende Sucupira.
Prefeito de Betim entre 1997 e 2000 e deputado estadual alguns anos depois, Jésus Lima acredita que o cenário político é propício à apresentação de projetos progressistas. "A gente acha importante ter uma candidatura própria do PT, de esquerda, para enfrentar esse conjunto de candidatura de direita, bolsonaristas, que há no estado", observa, citando como exemplo a recente vitória de Gabriel Boric no Chile.
Romeu Zema tem recebido afagos de Bolsonaro. Recentemente, ele chegou a afirmar que o governador "deverá ser reeleito" com tranquilidade. Carlos Viana (MDB), outro pré-candidato, é vice-líder do Planalto no Senado.
Prioridade a Lula é consenso
Se há um consenso no PT, é a ideia de que a agremiação precisa ter como prioridade a terceira vitória de Lula na eleição presidencial. "Todos os movimentos necessários para que isso aconteça, dentro da construção necessária, vamos fazer. O que não significa dizer que o melhor caminho seja de coligação neste momento", pontua Sucupira, vice-presidente da Frente Mineira de Prefeitos (FMP), entidade comandada, justamente, por Kalil.
Embora haja a defesa pela formação de uma frente suprapartidária para impulsionar Lula, Jésus Lima tem opinião um tanto quanto diferente. "O maior palanque que Lula tem em Minas é o maior partido de Minas Gerais: o PT, que está organizado em todo o estado".
Ele sustenta a opinião de que o partido pode, por exemplo, construir um "acordo de cavalheiros" com Kalil para que haja acordo por apoio a quem, entre o candidato petista e o prefeito de BH, for ao segundo turno.
Internamente, a avaliação de petistas é que a pré-candidatura de Sucupira tem mais chances de se concretizar em relação à tentativa de Jésus.
No domingo, em entrevista ao EM, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) afirmou que o partido não deve descartar a opção de se juntar a Kalil - desde que para vencer Zema e Bolsonaro. "O que vai orientar a nossa decisão é, exatamente, a melhor estratégia para implementarmos e retomarmos um projeto democrático e popular no Brasil e em Minas", garantiu.
"A possível candidatura do prefeito de BH reúne condições de fazer o enfrentamento à candidatura de Zema. Obviamente, o PT tem história, presença e nomes para contribuir na chapa. Vamos apresentar os nomes que o partido tem na hora em que esse debate for aberto. Mas tudo deve girar em torno da premissa de livrar o Brasil de Bolsonaro e Minas de Zema", acrescentou o parlamentar.
Histórico de candidaturas próprias
Desde que foi fundado, o PT só não apresentou candidato ao governo nos pleitos disputados em Minas em 2010, quando Patrus Ananias foi o vice da chapa liderada por Hélio Costa (MDB).
A primeira escolhida foi Sandra Starling, em 1982. Depois, o partido apostou em nomes como Virgílio Guimarães (1990) e Nilmário Miranda (2002 e 2006). Em 2014, Fernando Pimentel venceu, mas não conseguiu se reeleger quatro anos depois.