Depois de trabalhar pela filiação do presidente Jair Bolsonaro, o PL está preocupado com a queda de popularidade que o chefe do Executivo vem enfrentando. A sigla encomendou uma pesquisa para avaliar a opinião do eleitorado sobre a gestão de Bolsonaro, e o resultado veio abaixo da expectativa.
Para completar, a pesquisa divulgada ontem pela XP/Ipespe mostrou que o chefe do Executivo desponta com 64% de desaprovação, a maior desde o início de seu mandato. Na intenção de votos, ele aparece com 24%, bem atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que continua na liderança absoluta, com 44%.
Líderes do PL têm aconselhado o presidente a deixar de lado o negacionismo em relação à pandemia, em especial, o posicionamento contrário à vacinação infantil contra a COVID-19, e focar no crescimento da economia.
Em caráter reservado, integrantes do Centrão — bloco de sustentação do Executivo, do qual o PL faz parte — criticam a postura de Bolsonaro. De acordo com um deputado ouvido pela reportagem, "da forma como o presidente está conduzindo o país, em especial com relação à economia e à pandemia, não está certo".
O parlamentar destacou que há brigas internas, e, a cada dia, cai mais um aliado. "A maioria dos parlamentares não concorda (com as atitudes do chefe do Executivo). Eu mesmo não posso concordar. A vacinação, por exemplo, é o que está salvando vidas", afirmou.
Dentro do PL, o clima ainda é confortável para Bolsonaro. Porém, há resistência por parte de alguns integrantes. Uma pesquisa interna, ocorrida no fim do ano passado, mostrou que ao menos 10% dos filiados com mandato não aprovam o apoio ao presidente.
O deputado Lincoln Portela (MG) afirmou que a pesquisa "informal" teve como objetivo consultar os filiados sobre a entrada de Bolsonaro na legenda. De acordo com o parlamentar, os levantamentos ocorrem com frequência e são "uma forma de prezar pela democracia".
"Apesar de algumas pessoas não entenderem bem, o Partido Liberal é extremamente democrático. Consultamos as lideranças estaduais, líderes, presidente e vice-presidente. Uma consulta informal acontece", frisou.
O parlamentar lembrou que, antes de o chefe do Executivo entrar no partido, foi feita uma consulta com os líderes e filiados, que escolheram dar poderes totais ao presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, para decidir sobre os termos da aliança com Bolsonaro.
Ele admitiu, no entanto, haver, sim, dissidentes. "É natural que, em um partido que tenha quatro senadores, como tínhamos; 44 parlamentares, e venha um presidente da República para o partido, com as características peculiares de Bolsonaro, digamos que isso causa, em alguns estados, um certo desconforto. Há 10% de pessoas que são contra, por questões pessoais ou locais."
O deputado Capitão Augusto (PL) também sustentou que a maioria está com Bolsonaro. "Jamais existiria unanimidade. Mas isso aconteceria em qualquer partido que ele fosse. Numa legenda pequena, talvez não teria tanto impacto, como o PSL, que era pequeno quando o elegeu em 2018", declarou.
O parlamentar defendeu que "está cedo" para pavimentar caminho em cima de pesquisas que "não têm credibilidade".
"Já sabemos que são contaminadas e tendem a inflacionar os números para os candidatos à esquerda", criticou.
"Não é uma coisa que nos preocupa. O que a gente nota é o dia a dia na rua, a popularidade cada vez aumentando mais, um presidente campeão absoluto nas redes sociais", alegou.