O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta sexta-feira (28/1) da cerimônia de assinatura da Medida Provisória que cria o Programa Nacional de Prestação de Serviço Civil Voluntário, ocorrida no Palácio do Planalto. Hoje, dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o presidente preste depoimento, às 14h, na Polícia Federal em investigação sobre supostos vazamentos de documentos sigilosos, o chefe do Executivo reclamou de "interferências no Executivo".
"Enfrentamos também outras atribulações: interferências no Executivo as mais variadas possíveis. Sempre, da nossa parte, jogando com aquilo que nós temos e com aquilo que nós juramos respeitar por ocasião da nossa posse: a nossa Constituição".
Em agosto de 2021, em uma das lives que realiza nas redes sociais, Bolsonaro divulgou o inquérito sigiloso durante a transmissão, como uma tentativa de descredibilizar as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro. À época, o mandatário e seus apoiadores faziam um forte movimento em favor da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso, barrada pelo Congresso Nacional.
Um mês depois, Bolsonaro convocou manifestações no 7 de Setembro e fez pesadas críticas ao STF e a Alexandre de Moraes. Dois dias depois de protagonizar manifestações que pediam a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal e avisar que não obedeceria mais a decisões judiciais daquela Corte, ele resolveu baixar a temperatura política e divulgou uma carta, escrita com ajuda do ex-presidente Michel Temer, na qual recuava nas críticas e apresentava um tom mais amistoso com o STF. Não está claro se o presidente obedecerá a determinação de Moraes para prestar depoimento nesta sexta-feira.
Críticas a governadores
No evento desta sexta-feira, o presidente ainda voltou a criticar as medidas adotadas por governadores e prefeitos em meio à pandemia e destacou que o governo "fez sua parte", citando medidas adotadas ao longo do ano.
"Tomamos muitas medidas em 2019 que, com toda certeza, influenciaram no ano de 2020, um ano em que começamos a enfrentar algo ainda desconhecido para nós: a pandemia. Não foi fácil, mas o Executivo fez sua parte. Assinamos muitos contratos, começamos a combater a onda de desemprego que se aproximava de todos nós. Programas foram feitos, como o BEm, o Pronampe, a lei da liberdade econômica, desburocratizações e desregulamentações", continuou.
Por fim, Bolsonaro emendou que as medidas restritivas levaram milhões à "rua da amargura". "Terminamos 2020 quase que no 0 a 0 no tocante a emprego e a desemprego. Lamentavelmente, por políticas equivocadas, por políticas por vezes nem tão bem pensadas. Por outras vezes, pessoas tentando acertar levaram mais de 38 milhões de pessoas que viviam na informalidade para a rua da amargura".