O presidente do Partido Social Democrático (PSD) em Minas Gerais, Alexandre Silveira, é, oficialmente, senador da República. Ele tomou posse ontem, na vaga de Antonio Anastasia (PSD), que renunciou para assumir o posto de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e também fez discurso de despedida. A formalização da substituição ocorreu durante a primeira sessão de 2022 do Senado. Silveira assume o cargo em meio a debates sobre ser – ou não – o líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado. Neste momento, segundo apurou o Estado de Minas, a tendência é que ele recuse o convite.
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Pacheco rende elogios a Anastasia: 'Um dos maiores homens públicos de MG'Anastasia se despede do Senado para assumir cargo de Ministro do TCUAnastasia vai relatar no TCU processos da Presidência e da InfraestruturaApós movimento do PT, Silveira diz que debate eleitoral agora é precipitadoDeputado Raul Belém renuncia à liderança de coalizão pró-Zema na ALMGDeputados vetam criação de escolas estaduais cívico-militares em MinasAnastasia toma posse como ministro do TCU e promete moderação e equilíbrioServidor público de carreira como delegado de Polícia Civil e ex-deputado federal, o pessedista prometeu lutar por uma sociedade "unida, justa, sólida e fraterna". "A verdadeira prioridade salta aos olhos: me juntar aos meus pares nesta Casa na busca de soluções para os graves problemas – principalmente econômicos e sociais – que vivemos no Brasil e acarreta a assustadora volta da inflação, do desemprego, da fome e da miséria, que já assola a nossa gente".
Pedindo "ousadia e coragem", Silveira teceu críticas indiretas à política econômica do governo, tocada pelo ministro Paulo Guedes. "Há mais de dois anos ouço falar na tal recuperação em V, na estabilidade do dólar e do equilíbrio fiscal como fonte geradora de justiça social. Onde está o resultado desse discurso? Não dá mais para esperar", pontuou.
As primeiras falas de Silveira foram marcadas por críticas à polarização política e por defesa à "convergência" e à "moderação". Ele se colocou à disposição para auxiliar o Palácio do Planalto, mas descartou ter “alinhamento com os erros” ou tecer "críticas aos acertos".
"Este apoio não significa submissão ideológica nem assunção a qualquer cargo. Pelo contrário: significará muitas vezes apontar o que considero errado em relação à pauta econômica, ambiental e social. Não sem valorizar o que está dando certo no agronegócio, na infraestrutura e no desenvolvimento regional", pontuou.
O evento foi prestigiado por ministros do governo federal, como Flávia Arruda, da Secretaria de Governo, e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional. De Minas Gerais, viajaram, a fim de prestigiar a posse, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), e o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV). O presidente nacional pessedista, Gilberto Kassab, também marcou presença.
“POSITIVO E FELIZ”
Antes de Alexandre Silveira ser empossado por Pacheco, Anastasia fez o último discurso como senador, cargo que ocupou por sete anos. Ele afirmou encerrar o ciclo como parlamentar "de modo positivo e feliz", "com a cabeça erguida" e com "sentimento de dever realizado". A posse dele na corte de Contas será hoje. O agora ex-senador valorizou os anos na Casa, do qual chegou a ser vice-presidente, e prometeu levar ao TCU a experiência adquirida como parlamentar.
"Aprendi à exaustão o que significam na prática a democracia, a tolerância, o entendimento e o esforço parlamentar para encontrar soluções a questões extremamente intrincadas. Esse exercício foi, é e sempre será, para os senadores, coletivo", observou.
Meus colegas me permitiram ser relator de mais de 350 projetos de lei ao longo de sete anos. Tive a oportunidade de relatar projetos de altíssima complexidade, sabemos – e a história assim mostra. Esses projetos, alguns deles históricos, me permitiram sempre o aperfeiçoamento do trabalho e dedicação ímpar à democracia, no cumprimento rigoroso da Constituição", pontuou ele.
Anastasia se disse tranquilo por abandonar o Senado um ano antes do previsto por causa da capacidade política de Silveira. "No momento em que a caneta vai assinar , você titubeia. É natural. Você tem que ter a tranquilidade de saber quem está deixando e quem está ao seu lado", revelou, para pouco depois elogiar o correligionário: "Alexandre é um dos líderes políticos jovens, mas de mais energia que conheço".