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Estado de Minas ELEIÇÕES

Corrida pela cadeira de vice de Bolsonaro mobiliza ala militar do governo

Decisão do presidente, no entanto, pode seguir rumo eleitoral, com definição por um nome político


06/02/2022 04:00 - atualizado 06/02/2022 11:29

Montagem de fotos: Hamilton Mourão, Braga Neto e Augusto Heleno
Hamilton Mourão, Braga Neto e Augusto Heleno (foto: Redes Sociais/Reprodução)
O xadrez da corrida eleitoral ainda está longe da jogada final, mas entre os concorrentes cresce a expectativa sobre quem seria o nome a compor a chapa com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição. Nos bastidores, tem-se dito que há uma guerra interna entre dois generais do primeiro escalão do governo. Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, ministro da Defesa, têm concorrido, mesmo que sem uma promessa concreta, pelo cargo ao lado do capitão nas eleições.

Consequentemente, a fissura dos dois militares em garantir a vaga tem elevado a preocupação do entorno. Comandantes das Forças Armadas, ao qual os dois respondem, e parlamentares do Centrão, no Congresso, não enxergam uma possibilidade de vitória para Bolsonaro se a escolha de composição for entre os militares. É unanimidade no segmento que a preocupação do atual presidente deve ser em angariar votos, portanto o vice deve ser alguém de dentro da política.

Entre os liberais, o maior bolsonarista a atuar na defesa do governo na CPI da COVID, no Senado, o senador Marcos Rogério (PL-RO), não arrisca um nome. “Tenho certeza de que o perfil ideal é alguém que agregue votos considerando a questão das regiões e de gênero, mas a decisão caberá pessoalmente ao presidente. É uma questão particular, não um modelo de coalizão”, ressaltou.

A avaliação de militares de alta patente é de que a guerra entre Augusto Heleno e Braga Netto é sobre ego, pois na política não há espaço para Bolsonaro associar sua imagem à classe. De acordo com o brigadeiro Átila Maia, também pré-candidato à Presidência da República, na eleição de 2018 havia um anseio da população em ter um militar no Planalto e isso minguou. “A outra eleição era a onda militar e a onda Bolsonaro que ditavam. Agora não existe mais esse anseio forte, Bolsonaro conseguiu criar no inconsciente coletivo essa rejeição (com os militares)”, pontuou.

O concorrente que, no passado, já passou pela expectativa de ser o vice do mandatário acredita que para este ano o cargo não está tão disputado quanto parece. “Antes todo mundo queria, mas hoje eu não sei se tem alguém que queira ser candidato a vice do Bolsonaro. Primeiro porque ele vai queimar a eleição e segundo porque vai queimar o nome. Praticamente todo mundo já tem consciência de que essa eleição não será bem-sucedida”, concluiu. “É como um time que já foi grande e agora briga por ser vice em campeonato de várzea”, diz o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos, que deixou o Partido Liberal (PL) após a filiação de Bolsonaro à legenda e agora se filia ao PSD, de Gilberto Kassab.

"É uma escolha somente dele. Mas acho que ele vai aproveitar a oportunidade para trazer um partido que agregue força, principalmente criando palanques nos estados e somando tempo de televisão"

Coronel Tadeu (PSL-SP), deputado federal



Escolha exclusiva 


Embora ministros, militares e amigos da família Bolsonaro sejam citados para ocupar a vaga, o único consenso entre os entrevistados é que a decisão dependerá exclusivamente do próprio presidente.

Relator do projeto Habite Seguro, que promete financiamento da casa própria aos policiais – considerado fundamental para a campanha de Bolsonaro –, Coronel Tadeu (PSL-SP) diz que ainda é cedo para a definição. “É  uma escolha somente dele. Mas acho que ele vai aproveitar a oportunidade para trazer um partido que agregue força a ele, principalmente criando palanques nos estados e somando tempo de televisão”, ressaltou. “Muitos nomes são falados, mas é possível que nenhum deles seja escolhido”.

Outros interlocutores do Planalto garantem que, por enquanto, tudo se trata de especulação, ainda não há um nome concreto para a campanha. Até o atual vice, Hamilton Mourão, ainda é uma hipótese. Segundo um assessor, Bolsonaro ainda irá chamar Mourão para conversar sobre o assunto.


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