O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta sexta-feira (11/2) do evento de contratação de pessoas com deficiência pela Caixa Econômica Federal, ocorrido no Palácio do Planalto. Momentos antes de discursar, a primeira-dama, Michelle, que havia acabado de fazer uso da palavra, cumprimentou os presentes no palco e deu um beijo na boca do marido. Em seguida, ao seguir para discursar, Bolsonaro brincou com o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), também presente, ao dizer que ele também merecia um "beijinho".
"Acho que o Mourão está querendo um beijinho também. Você também merece, Mourão", gargalhou, sendo rebatido pelo general, que riu e fez um gesto negativo balançando o indicador.
A fala do presidente ocorreu pouco após o vice ter afirmado a jornalistas, na chegada ao Planalto, que disputará o cargo de senador pelo Rio Grande do Sul, estado onde nasceu. Logo, não estará na chapa pela reeleição de Bolsonaro este ano.
O vice-presidente usava uma máscara com a bandeira do Rio Grande do Sul e foi questionado se o símbolo era um indicativo de que concorreria ao Senado pelo estado. "Lógico, né", respondeu.
"O senador Flávio (Bolsonaro) andou falando por aí ", afirmou, acrescentando que sua decisão "será comunicada brevemente". Ele ressaltou, contudo, que ainda não escolheu uma sigla: "Agora é só uma questão de partido".
A composição na disputa, segundo o general, dependerá ainda de quem concorrerá como candidato a governador. "Tem dois pré-candidatos do nosso campo. Onyx (Lorenzoni) e (Luiz Carlos) Heinze. Vamos aguardar para ver o que vai sair disso aí", concluiu.
Bolsonaro ainda não definiu quem será o seu vice na campanha. Nos bastidores, aparecem nomes como o de Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, ministro da Defesa. Há ainda uma forte articulação em torno do nome da atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Laços estremecidos
A relação entre Mourão e o presidente é marcada por atritos e estremecimentos. Desde o início do governo, Mourão tem exposto, por vezes, opiniões diferentes das decisões do presidente.
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Desde então, ele estava sendo excluído de reuniões ministeriais. Sete meses depois, o presidente, enfim, o chamou para participar de um encontro com representantes da Esplanada.
No mês seguinte, Bolsonaro comparou o general a um "cunhado" e relatou que ele possui uma "independência muito grande" que, por vezes, acaba atrapalhando. "O vice é igual cunhado, né. Você casa e tem que aturar o cunhado do teu lado. Você não pode mandar o cunhado embora".
Em dezembro, o presidente disse cogitar escolher Mourão novamente para compor a chapa presidencial nas eleições de 2022. Mas emendou que ainda estudava o cenário.
Já no último dia 8, o líder do Executivo afirmou que deverá convidar para o cargo de vice em sua chapa um nordestino ou um mineiro, ou, ainda, um general e que deverá fazer o anúncio em março.
Ele relatou, na data, porém, já ter conversado com o possível vice. "Não pode ser um casamento de última hora. E esse nome fará bem para mim, para o governo, para o Brasil. Tem que ser um nome respeitado, não é só porque é nordestino, só porque é mineiro, só porque é paulista. Tem que ter algo mais", completou.