
Segundo apurou o Estado de Minas junto a fontes ligadas ao Palácio Tiradentes, Zema adotou tom cordial ao tratar do tema com Flávio Bolsonaro. Ele esteve no encontro ao lado do deputado federal Marcelo Alvaro Antonio (PSL-MG), ex-ministro do Turismo, que tenta emplacar uma candidatura ao Senado.
O entorno do presidente da República busca um palanque para fortalecer, em Minas Gerais, a campanha à reeleição. Entre aliados de Zema, porém, a avaliação é que o governador não terá ganhos diretos caso se una explicitamente a Bolsonaro.
Ontem, por exemplo, a pesquisa XP/Ipespe apontou o presidente na liderança do ranking de rejeição, com 62%. No que tange às intenções de voto, ele aparece atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 43% a 25%.
A agenda de Flávio Bolsonaro em Minas Gerais foi com o secretário de Estado de Governo, Igor Eto, responsável por liderar as articulações eleitorais do poder Executivo. Zema participou de parte do bate-papo.
Mesmo em meio à tentativa nacional de unir Bolsonaro e Zema, interlocutores ligados ao governo não acreditam que o desfecho da situação vai impactar nos rumos do PL em Minas Gerais. Líderes do partido admitem a possibilidade de compor formalmente a coligação que vai sustentar a campanha à reeleição do governador. O deputado estadual Léo Portela, integrante da agremiação liberal, já defendeu abertamente uma eventual coligação ao Novo no estado.
Presidente afaga Zema e já falou até em 'casamento'
Bolsonaro tem acenado a Zema com declarações elogiosas. Em janeiro, por exemplo, projetou que o governador "deve ser reeleito tranquilo". Houve, também, elogios pela sanção ao Projeto de Lei (PL) do deputado estadual bolsonarista Bruno Engler (PRTB) que congela o Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA) a níveis pré-pandemia.Em novembro do ano passado, a dupla esteve junta nos Emirados Árabes Unidos (EAU), no Oriente Médio. À época, o presidente da República utilizou a metáfora matrimonial - a preferida dele - para explicar a relação com o político do Novo.
"É o governador de um estado importante do Brasil. Falamos a mesma linguagem. Temos interesses em comum: ele, pelo seu Estado; eu, pelo Brasil. É um casamento, praticamente. É um aliado para o Brasil. O Zema é importante para o quadro da política nacional", pontuou, à "Rádio Itatiaia".
Há alguns dias, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), uma das mais engajadas aliadas de Bolsonaro, resgatou elogio feito por Zema a ele em novembro de 2019. À ocasião, o governador afirmou que o presidente é "patriota e uma pessoa íntegra".
Em que pese algumas falas favoráveis ao presidente, Zema teceu críticas recentes. No início deste mês, por exemplo, afirmou que o líder do governo federal "acabou deixando de lado" as reformas estruturantes, como as modificações Tributária e Administrativa. Ele chegou a assinalar que, por não concretizar as alterações, o país está "ficando para trás", acrescentando que "a maior parte dos brasileiros" esperavam avanços na área.
Novo conta com Zema para emplacar d'Ávila
Felipe d'Ávila figura em meio à profusão de pré-candidaturas que buscam vencer a disputa pelo rótulo de terceira via. Ele não conseguiu pontuar no último levantamento XP/Ipespe.Mesmo com as naturais dificuldades, Zema tem sinalizado que dará abrigo ao correligionário. "Meu apoio é para o pré-candidato do Novo, Felipe d'Ávila. Darei meu apoio a ele na época da campanha, porque, por ora, meu foco é continuar ao lado dos mineiros", disse ele, ao EM, em dezembro.
O pré-candidato, por sua vez, confia na lealdade do mineiro. "Conversei com o governador Zema, que sempre reiterou seu espírito partidário, e que vai apoiar minha candidatura", falou, no fim do ano passado, também ao EM.
O Podemos, partido componente da base aliada ao governador em Minas Gerais, também chegou a vislumbrar conseguir o apoio de Zema. O partido tem o ex-juiz Sergio Moro como pré-candidato ao Planalto. Eles chegaram a conversar na Cidade Administrativa em novembro último.