O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Agostinho Patrus (PV), voltou a subir o tom contra o governador Romeu Zema (Novo) nesta quinta-feira (17/2). Segundo o deputado estadual, Zema tem um "plano sórdido" para viabilizar a aprovação da adesão do estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), proposto pelo governo federal para ajudar gestões locais com problemas no fluxo de caixa.
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"Mais um plano sórdido: governo do Estado quer enviar reajuste de cerca de 10% aos servidores públicos e obrigar votação do RRF. Assim, após 10 anos sem ganhos reais, o professor, o médico e o agente da segurança ficarão mais nove anos sem", escreveu o presidente da Assembleia, no Twitter.
Neste momento, apenas projetos para enfrentar a pandemia conseguem driblar a amarra imposta pela Recuperação Fiscal. Isso porque vigora o chamado "rito COVID-19", que dá prioridade absoluta a temas ligados aos efeitos sociais e econômicos da doença.
O secretário-geral do governo Zema, Mateus Simões, foi às redes rebater Agostinho. "Buscar o equilíbrio das contas, para prestar melhores serviços públicos e manter o salário dos servidores em dia, viabilizando a revisão geral anual a partir de 2022, é o contrário de sórdido. Quem só pensa na próxima eleição não tem tempo de pensar na próxima geração".
Segundo Simões, o congelamento de salários é uma "mentira". Ele afirmou que é possível corrigir os vencimentos pela inflação, desde que isso esteja previsto no texto que vai regular a aplicação do RRF em Minas.
Ação no STF, troca de farpas e 'espada na cabeça'
A dívida de Minas Gerais com a União está em cerca de R$ 140 bilhões, mas uma liminar suspende a necessidade de pagar o passivo. Há temor por uma cassação da medida cautelar. Em outubro último, o ministro Luis Roberto Barroso deu seis meses para o estado aprovar uma lei que trate da entrada no RRF.
O Palácio Tiradentes teme a cassação da liminar em abril e, consequentemente, a necessidade de desembolsar imediatamente cerca de R$ 40 bilhões para começar a quitar o passivo. Em busca de viabilizar a votação da Recuperação Fiscal, Zema apelou ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar a Assembleia a colocar o tema em pauta.
A ação foi entregue ao ministro Kassio Nunes Marques. Na sexta passada (11) ao ser perguntado pelo Estado de Minas, Agostinho Patrus criticou a estratégia do poder Executivo estadual.
"Sempre acreditei na boa conversa e no que é próprio de nós, mineiros: a busca pelo consenso, de sentar à mesa e discutir as questões. Quando um dos lados resolve judicializar a questão, dá uma demonstração de que não está aberto a conversar. Que quer, simplesmente, que isso seja definido por um ministro do Supremo , a quem acataremos 100% a decisão que tomar", disparou.
No mesmo dia, Zema foi sucinto ao definir a situação que enfrenta ante a ameaça da liminar ser derrubada e a resistência dos deputados ao ajuste fiscal. "Estou com uma espada em cima da minha cabeça", falou, durante visita a Montes Claros, no Norte mineiro.