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Estado de Minas POÇOS DE CALDAS

Prefeitura de Poços avalia retirada de placas de 'não dê esmolas' das ruas

Vereador diz que mensagem é preconceituosa


18/02/2022 22:30 - atualizado 18/02/2022 22:30

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Câmara aprovou a retirada. Projeto segue para o executivo para aprovação (foto: foto: Redes Sociais/Reprodução)
A prefeitura de Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais, irá analisar a moção de apelo aprovada pela Câmara de Vereadores do município, pela retirada de placas que pedem para que os moradores não entreguem esmolas a pessoas em situação de rua. 
 
A ementa, aprovada por 8 votos a 6, correu pelo legislativo na última terça-feira (15/2) e foi enviada ao poder executivo para aprovação, na quarta-feira (16/2).
 
As placas espalhadas pela cidade divulgam a seguinte frase: “Não dê esmolas. Ligue 156 ou 3697-2645”.
 
Segundo o vereador da Rede e um dos autores do projeto, Thiago Braz, 36, a ideia é provocar o poder executivo para que intensifique políticas públicas para pessoas em situação de rua.
 
“As placas são preconceituosas e discriminatórias e não agregam em nada, muito pelo contrário, exclui, estigmatiza e culpabiliza as vítimas e o cidadão que decide dar algo às pessoas em situação de rua”, explica.
 
A ação, promulgada também pelo vereador Diney Lenon (PT), 40, faz alusão a um exemplo que Poços poderia seguir: o Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do
Povo da Rua, em São Paulo, que pratica políticas que contribuem para o combate ao preconceito relacionado ao tema.
 
O texto, elucida que aporofobia é um termo que teve sua origem há cerca de 20 anos através das palavras gregas á-poros (pobres) e fobos (medo), que se refere ao medo e à rejeição aos pobres.
 
“As placas escritas ‘não dê esmolas’ fazem parte de uma perspectiva de entendimento que revitimiza a vítima, desfoca a questão central do problema e reforma estereótipos. A própria prefeitura produziu panfletos onde alega que dando esmolas se reforça ‘acomodação’ e o ‘profissionalismo da mendicância’”, comenta o vereador do Partido dos Trabalhadores.

Há ambiguidade?

As placas carregam os números do centro de Abordagem Social ligado à secretaria de Promoção Social da Prefeitura.
 
Com endereço na Avenida João Pinheiro, os telefones (35) 3697-2645 e 156 são divulgados para que, ao invés de contribuir ou entregar um prato de comida para alguém em situação de rua, a pessoa ligue para a Abordagem Social e explique que há um morador naquele local que está passando dificuldades.
 
Nós questionamos o secretário da pasta, Carlos Eduardo Almeida, sobre o porquê da placa com a frase ‘não dê esmolas’ - que segundo os vereadores que
promoveram a moção de apelo, acaba gerando um preconceito-, indicar um número da Abordagem Social.
 
Segundo Almeida, as placas têm a exata finalidade para que os cidadãos ou turistas, ao se depararem com pessoas em situação de risco e vulnerabilidade social, possam mais do que fornecer uma “ajuda” imediata.
 
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Vereadores alegam que a frase causa aparofobia, rejeição ou medo de pessoas pobres. (foto: foto: Redes Sociais/Reprodução)
 
“Para além, importante ainda ressaltar que aquelas pessoas que se encontram em situação de rua, são cidadãos como nós, cada qual com sua história e trajetória de vida” diz o secretário.
 
Sobre a retirada das placas - após a aprovação na Câmara-, a prefeitura explicou à reportagem que não houve posicionamento sobre o assunto e que vai analisar.
 
“Ainda não recebemos na Secretaria de Promoção Social, oficialmente, a referida moção e assim que acontecer estaremos em conjunto, poder executivo, discutindo a questão, para a decisão quanto ao conteúdo da referida moção”, fala Almeida.
 
Segundo o vereador Lenon, a frase da campanha “não dê esmolas” é acompanhada de um outro slogan ‘Poços não dá esmolas, oferece ajuda”.
 
“Pois bem, que as placas sejam ‘Poços oferece ajuda’. A questão da população em situação de rua é complexa e tudo que não precisamos é de ações por parte do poder público que reforcem o preconceito”, comenta.

Outra visão

Ricardo Fonseca, 29, é coordenador da Casa de Passagem São Egídio em Poços, que oferece o acolhimento a pessoas em situação de rua.
 
Para ele, a divulgação das placas não é errada. Segundo Fonseca, a cidade possuí um contingente de turistas anualmente muito alto e na maioria das vezes, essas pessoas acabam sendo as maiores responsáveis por oferecer esmolas.
 
“A oferta de esmolas prejudica muito nosso serviço. Não acredito que a divulgação dessa campanha estigmatiza e gera mais preconceito, mas creio também não ser suficiente”, aponta.
 
De acordo com o coordenador, as pessoas acolhidas recebem cinco refeições diárias, banho, roupas limpas e tratamento psicossocial. Para ele, a população do município deveria se inteirar melhor dos serviços de acolhimento e perceber o trabalho que é realizado.


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