Brasília – A polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, confirmada em todas as pesquisas de intenção de votos, aumentam as articulações de aliados de ambos. O senador Humberto Costa (PT-PE) define a preparação do PT para a corrida eleitoral com postura otimista, apesar de saber que não será fácil. “Há uma possibilidade do presidente Lula vencer, mas sabemos que não vai ser fácil. O bolsonarismo, no momento que observar que pode perder, vai radicalizar o discurso e as ações, e estamos nos preparando para isso”, assegura.
A aposta de Costa é que apesar das negociações de Lula ocorrerem predominantemente nos bastidores, com o mínimo de exposição, o ex-presidente irá atuar no momento dos debates. “É de interesse dele participar dos principais debates, confrontar e demonstrar a diferença de preparo intelectual, apresentar seus projetos e ações. Agora é hora de construção de alianças, acordos, muito mais negociações políticas. Mas muito em breve acredito que ele vai ter um processo de exposição”, projetou.
Líder do PT na Câmara, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) diz que a melhor forma de lidar com a polarização ideológica é “evitar cair nas provocações de Bolsonaro”. “Acho que devemos evitar cair nas provocações de Bolsonaro para lidar com a polarização. Bolsonaro quer um estado armado, um estado miliciano, e nós queremos um estado democrático. O governo dele já foi um governo que pregou o ódio, tudo por causa dessa ideologia facista. Temos que superar com o diálogo e debate de ideias”, defendeu.
O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), acredita que ao começar o horário eleitoral, a rejeição de Bolsonaro irá cair. “Quando entrar o horário eleitoral, [Bolsonaro] vai crescer muito e rápido. Bolsonaro comprou uma briga com a imprensa, então pague o preço que comprou. Então, não é mostrado tudo o que ele construiu em seu governo. Quando as pessoas tomarem conhecimento do que ele realizou, vai reforçar o discurso dele contra a imprensa e vai ficar na cabeça do eleitor confirmado que não foi mostrado tudo o que ele construiu no seu governo”, apostou.
Para ele, ainda, as campanhas terão perfis diferentes. Enquanto Lula fará uma força-tarefa de mais “retaguarda”, ou seja, com menos mobilização de rua e preferência por eventos mais internos, Bolsonaro seguirá na mesma estratégia utilizada no ano de ascensão, com exposição e mobilização mais agressiva. “O bolsonarismo anda sozinho, sem patrocínio e com alto engajamento, tem um apoio muito aguerrido. Os petistas não tem tanto porque não tem a arrecadação sindical para patrocinar as mobilizações”, declarou.
Aliados a Bolsonaro acreditam também que Bolsonaro não será o mesmo do primeiro ano de mandato. Apesar de continuar com um jeito particular de trabalhar, ele teria entendido que, em uma democracia, tem que governar com os partidos. Então, ultimamente tem lidado melhor com os grupos e isso tende a diminuir sua rejeição até mesmo entre os parlamentares.