O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), criticou nesta sexta-feira (25/2) o governador Romeu Zema (Novo) pela crise junto às forças de segurança de Minas Gerais, que deflagraram paralisação há quatro dias. O chefe do Executivo da capital afirmou que o erro do Palácio Tiradentes foi pagar apenas uma das três parcelas prometidas, em 2019, para recompor a corrosão da inflação nos salários dos agentes.
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Depois de ocupar Cidade Administrativa, forças de segurança fecham MG-10 Zema pede que forças de segurança voltem ao trabalho após anúncioProtesto: forças de segurança desocupam MG-010 e liberam fluxo de carrosPropaganda partidária gratuita no rádio e na televisão começa neste sábado XP/Ipespe: Lula tem 43%; Bolsonaro, 26%; Moro, 8%; e Ciro, 7%Pesquisa: brasileiro tende a ter postura conservadora sobre temas polêmicosOntem, Romeu Zema anunciou aumento de 10,06% nos vencimentos de todo o funcionalismo. Apesar da oferta, lideranças das polícias e dos agentes ligados ao setor penal defendem que o governo estadual pague as três parcelas firmadas em 2019 e endureceram a postura ante a administração.
À época, o Executivo prometeu recompor 13% das perdas inflacionárias em julho de 2020. Depois, seriam acrescidos 12% em setembro do ano passado e, em um terceiro momento, previsto para setembro deste ano, mais 12%.
Cotado para disputar o governo estadual contra Zema, que tentará a reeleição, Kalil criticou o que ele chamou de tentativas da imprensa de associar a greve das polícias à eleição - uma "ideia fixa", conforme o prefeito belo-horizontino. Mesmo assim, não se furtou a opinar.
"O problema da revolta não é a greve. O problema da revolta é a mentira. Concordo com o governador: se não tem dinheiro, não pague - e, principalmente, não prometa. Não pode prometer e levar à Assembleia um aumento de 40% , mas dar 12% e falar que está tudo bem", afirmou o pessedista.
O prefeito contou ter sido procurado por pessoas de todo o Brasil para falar sobre o motim das tropas, mas se recusou a comentar. "Greve é o seguinte: tem-se dinheiro para pagar ou não tem dinheiro para pagar. Ninguém paga servidor se não tem dinheiro", afirmou. "Não pego carona em tragédia, greve ou nada disso".
Zema e secretários têm afirmado que o índice de aumento proposto ao funcionalismo público leva ao limite a capacidade financeira do estado. Nesta sexta, o governador assegurou preferir perder a eleição a inviabilizar as contas públicas.
"Estamos raspando o cofre. Estamos ainda criando a ampliação do auxílio-farda, ou auxílio vestimenta, de de R$ 1,8 mil por ano para R$ 6 mil. E eu tenho que ser responsável. Eu não vou fazer algo que vá inviabilizar a vida do estado amanhã", declarou, em entrevista à "Rádio Itatiaia".
Kalil pede que proteção seja mantida
Em meio à insatisfação dos policiais com Zema, lideranças não descartam um aquartelamento militar ou tensões em penitenciárias. Mais cedo, uma manifestação tomou a Cidade Administrativa, sede do governo mineiro, e a MG-010, rodovia que dá acesso ao complexo.
Kalil, contudo, afirmou que a população não pode arcar com os custos do descontentamento. "Protejam a população. Não foi ela que mandou um reajuste à Assembleia e não pôde cumprir", pediu.
"O que tenho que falar como prefeito é fazer um apelo às forças de segurança para que não afetem a população. Todas elas são muito importantes para a população de Belo Horizonte. Então, podem protestar e fazer tudo, mas é importante para nós, cidadãos de BH, que tenhamos a nossa segurança - principalmente no carnaval", pontuou.
Prefeito ainda não bateu o martelo sobre futuro político
Se quiser disputar o pleito deste ano, Kalil precisa deixar o edifício da Avenida Afonso Pena em 2 de abril. Ele ainda não deu mostras públicas sobre a decisão que pretende tomar, mas em dezembro admitiu a possibilidade de tentar chegar ao governo mineiro.
"Todo prefeito de Belo Horizonte é candidato ao governo, só que não é hora. Estou cuidando da minha cidade", reconheceu, ao Estado de Minas.
Nesta semana, o EM, em parceria com o instituto F5 Atualiza Dados, divulgou sondagem eleitoral sobre a contenda estadual. Romeu Zema tem a ponta, com 46,8% das intenções de voto. Kalil, o vice-líder, tem 17,4%.
Além de Zema, entretanto, apenas um eventual postulante se coloca oficialmente como pré-candidato: é o senador Carlos Viana, do MDB, que apareceu com 3,7% no levantamento.