O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta sexta-feira (4/3) da cerimônia de início do novo contrato das Rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos em São José dos Campos (SP). Em discurso, o chefe do Executivo defendeu neutralidade em relação à guerra da Rússia na Ucrânia.
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Bolsonaro diz que Petrobrás deve reduzir lucros diante da guerra na EuropaBolsonaro cita 'posição de equilíbrio' ao falar de invasão russa na UcrâniaNo WhatsApp, Bolsonaro critica quem pede posição sobre Rússia x UcrâniaIda de Bolsonaro à Rússia atrasou alerta de guerra a brasileiros na Ucrânia"Hoje, temos um problema a 10 mil km daqui. E a nossa responsabilidade, em primeiro lugar, é com o bem estar do nosso povo. A nossa postura tem mostrado ao mundo como estamos agindo neste episódio. Estamos conectados com o mundo todo. E o equilíbrio, a isenção e o respeito a todos se faz valer pelo chefe do Executivo. O Brasil não mergulhará em uma aventura. O Brasil tem o seu caminho, respeita a liberdade de todos, faz tudo pela paz, mas, num primeiro lugar, temos que dar exemplo para isso", alegou.
Horas antes, sem máscara, o presidente postou nas redes sociais imagens em que aparece cumprimentando apoiadores locais e tirando fotos. Um dos bolsonaristas se referiu a ele como um presidente do "saco roxo".
Posteriormente, andou de moto e parou próximo a um pedágio, onde ficou acenando na pista a um grupo de motociclistas.
Também estiveram presentes no evento das rodovias a deputada Federal Carla Zambelli (União-SP), o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União-SP), o ministro do GSI, o general Augusto Heleno, além do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que antecipou a aposentadoria na reserva para tentar uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro.
Rússia x Ucrânia
Na viagem à Rússia no mês passado, Bolsonaro se mostrou simpático à figura de Putin com o qual disse ter valores comuns. Sentados em poltronas próximas e em breve discurso de ambos os lados, sem detalhar ao que se referia, o chefe do Executivo brasileiro afirmou que o país "é solidário à Rússia".
Já em coletiva no último dia 27, Bolsonaro adotou uma posição de neutralidade sobre o confronto no leste europeu. De acordo com o presidente, romper com a Rússia poderia acarretar em fome e miséria, “e não queremos trazer mais sofrimentos”.
A respeito da invasão russa à Ucrânia, o presidente, em tom irritado, questionou a um dos jornalistas: "Você quer que eu faça o que para acabar com a guerra? Tudo que eu podia fazer eu já fiz e vou continuar fazendo", disparou.
O presidente garantiu ainda na data que era um 'exagero falar em massacre' na Ucrânia. "Eu entendo que não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre. Ele está se empenhando em duas regiões do Sul da Ucrânia, nas quais, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente, se aproximando da Rússia. Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos para o Brasil", reiterou.
"Mal informado"
Um dia depois, em resposta às declarações de Bolsonaro, o Encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, disse que o presidente está "mal informado" e sugeriu que Bolsonaro dialogasse com o presidente ucraniano.
Tkach explicou que, "nesse momento, não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, direito internacional, incluindo fundamentos como não devastar as fronteiras, o respeito de soberania internacional e à integridade territorial".
No mesmo dia, à noite, o chefe do Executivo afirmou que não tem o quê conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. "Alguns querem que eu converse com Zelensky, o presidente da Ucrânia, eu, no momento, não tenho o que conversar com ele. Eu lamento, se depender de mim, não teremos guerra no mundo".
Bolsonaro também criticou o posicionamento do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) sobre o papel do Brasil na guerra da Ucrânia. O general chegou a declarar que "o Brasil não está neutro" e que o país "não concorda com uma invasão do território ucraniano". O chefe do Executivo rebateu que o vice não tem competência para fazer os comentários e disse que ele estaria "dando peruada naquilo que não lhe compete".
Ontem, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, ligou para Bolsonaro para conversar sobre o cessar-fogo na guerra da Ucrânia.
Segundo a assessoria do britânico, ambos estadistas concordaram sobre a questão, e "o primeiro-ministro disse que as ações do regime russo na Ucrânia são repugnantes". O premiê ainda teria acrescentado que "civis inocentes estão sendo mortos e cidades, destruídas, e que o mundo não pode permitir que a agressão do presidente Putin tenha sucesso".
Johnson ainda teria relembrado a aliança "vital" com o Brasil no período da Segunda Guerra Mundial e que a força do país é "novamente crucial nesse momento de crise".
Ainda de acordo com a assessoria do governo do Reino Unido, Boris Johnson destacou: "Juntos, o Reino Unido e o Brasil precisavam pedir o fim da violência".