O Palácio do Planalto vetou a emissão de um alerta para que os brasileiros que vivem na Ucrânia deixassem o país, dias antes da viagem do presidente Jair Bolsonaro à Rússia. A recomendação, feita pelo setor consular - que cuida da assistência aos brasileiros no exterior, era de que o Itamaraty fizesse o alerta, com base em avaliação de cenários feita pela área técnica do Ministério das Relações Exteriores. As informações são da colunista de O Globo Malu Gaspar.
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'Brasil não mergulhará em uma aventura', diz Bolsonaro sobre guerra Bolsonaro cita 'posição de equilíbrio' ao falar de invasão russa na UcrâniaNo WhatsApp, Bolsonaro critica quem pede posição sobre Rússia x UcrâniaSupremo dá prazo para Bolsonaro esclarecer ida de Carlos à RússiaDeputado 'Mamãe Falei' sobre ucranianas: 'São fáceis porque são pobres'O aviso deveria recomendar que os brasileiros deixassem a Ucrânia, por meios próprios, o quanto antes, diante da situação de instabilidade política na região. Também alertava para que os cidadãos brasileiros evitassem viajar para o país do Leste Europeu.
Vários países já haviam emitido alertas semelhantes, incluindo Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.
Segundo a colunista, não houve uma justificativa formal para o veto. Porém, no Itamaraty a atitude foi entendida como uma forma de evitar reações negativas da Rússia às vésperas da visita oficial do presidente Jair Bolsonaro a Moscou.
Ela lembra que em 13 de fevereiro, o embaixador do Brasil em Kiev, Norton Rapesta, declarou à GloboNews que a situação na Ucrânia era de normalidade e que não havia razão para temer uma guerra.
Apenas em 24 de fevereiro, quando os ataques da Rússia à Ucrânia já haviam começado, um alerta foi divulgado nos canais oficiais e nas redes sociais da Embaixada do Brasil na Ucrânia.
"Prezados brasileiros, após uma série de ataques a alvos militares e estratégicos por todo o país, a situação na maior parte das regiões ucranianas é no momento relativamente estável. Nesse contexto, a embaixada recomenda que brasileiros que possam deslocar-se por meios próprios para outros países ao oeste da Ucrânia que o façam tão logo possível, após informarem-se sobre a situação de segurança local", dizia o texto.
Nesta sexta-feira (4/3), Bolsonaro mais uma vez declarou uma posição de neutralidade em relação ao conflito.
*Estagiária sob supervisão