Em visita às obras da área de escape para evitar acidentes no Anel Rodoviário, Região Oeste de Belo Horizonte, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) foi questionado sobre o desacerto com a presidente da Câmara Municipal, a vereadora Nely Aquino (Podemos), envolvendo o projeto de redução dos preços das passagens. Em resposta, ele fez uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira (8/3).
“Vamos aproveitar o seguinte: hoje é Dia da Mulher, né? Eu não posso deixar de homenagear a minha mulher, minhas três noras e minhas quatro netas. Eu queria dizer que vamos olhar para o ponto de ônibus para ver quem que toma ônibus nesta cidade, são as mulheres. Vamos olha para o posto de saúde, quem leva pai, mãe, filho, irmão são as mulheres. Não vamos falar de feminicídio, de mulher que é agredida, porque isso é tão falado já. Mas, quem segura esta cidade são as mulheres”, disse o prefeito ao iniciar a resposta à pergunta durante a coletiva de imprensa.
“Eu quero aqui deixar o meu beijo para as mulheres de Belo Horizonte, meu abraço fraterno. Saber que eu reconheço que são elas que seguram esta cidade. São elas que lutam para pegar o remédio, para ir ao posto, pegar a lotação, pegar tudo. E, de mais a mais, é o seguinte: sobre o assunto, tudo que eu tinha que falar eu falei. Vou repetir só uma frase que eu falei em uma entrevista: para ser meu inimigo, tem que ter o meu tamanho”, declarou.
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O projeto enviado aos vereadores previa a utilização de R$ 156 milhões neste ano a fim de subsidiar a nova tarifa. Em que pese as alegações de Kalil, Nely Aquino apontou "falta de clareza" das diretrizes que norteiam a proposta. Segundo ela, o projeto não específica os contratos do transporte público que serão modificados por causa do repasse público.
Kalil convocou uma coletiva no mesmo dia e fez críticas à líder da Casa. "Belo Horizonte é a única capital do Brasil que conseguiu, por ser uma prefeitura enxuta e robusta, baixar o preço da tarifa de ônibus para 2022. E, por questões políticas, por esse delírio de ser candidata a vice-governadora, prejudica o que é de mais sagrado: a população que precisa", disse. "Acabou a festa dela e de seus asseclas", falou, instantes depois, em nova menção à parlamentar. O prefeito disse que o projeto seria reenviado à Câmara.
No dia seguinte, Nely Aquino acionou a Justiça. A vereadora pede que o prefeito explique as declarações dadas a respeito dela e, também, uma retratação formal.
A peça enviada pela defesa de Nely ao Judiciário diz que o prefeito cometeu ataques pessoais e ofensas - o que pode configurar crimes contra a honra. Ele chegou a falar sobre uma aliança entre a vereadora e empresários, o que a política do Podemos rechaçou em entrevista na sede do Parlamento belo-horizontino.
"Ele me adjetivou diversas vezes. Não podemos aceitar que o representante maior da cidade não respeite a Câmara Municipal e sua presidente", afirmou Nely. "Talvez na Justiça ele consiga entender que existem regras e civilidade", emendou, rodeada por outros vereadores. (Com informações de Guilherme Peixoto, Déborah Lima e Cristiane Silva)