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Estado de Minas COMBUSTÍVEIS

Justiça dá 72 horas de prazo para governo explicar alta nos combustíveis

Entidade ligadas ao transporte entram na Justiça para pedir suspensão dos reajustes autorizados pela Petrobras


12/03/2022 04:00 - atualizado 12/03/2022 08:00

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes em evento no Palácio do Planalto: majoração dos combustíveis chega à Justiça (foto: CLEBER CAETANO/PR )
Brasília – A juíza Flávia de Macêdo Nolasco, da 9ª Vara Federal de Brasília, deu prazo ontem de 72 horas – até segunda-feira – para que o governo federal dê explicações sobre os altos reajustes nos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobras e que entraram em vigor ontem. A ação civil pública foi ajuizada pelo Conselho Nacional do Transporte de Cargas (CNTRC), sindicatos dos transportadores autônomos de cargas de Guarulhos e de Jundiaí (SP) e a Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, que reúne 235 deputados e 22 senadores. As entidades pedem a suspensão imediata dos reajustes de 18,8% na gasolina, 24,9% no diesel e 16,1% no gás de cozinha vendidos às distribuidoras.

A magistrada determinou que o presidente Jair Bolsonaro, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a Agência Nacional do Petróleo e o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, apresentem um representante legal que justifique os aumentos. De acordo com a ação civil pública, todos eles estão “violando” os interesses da soberania nacional e dos consumidores ao permitir reajustes considerados “abusivos”. Para o CNTRC, o chefe do Executivo e a Petrobras estão praticando a “aplicação de políticas econômicas lesivas ao interesse nacional, à ordem econômica, aos direitos fundamentais do consumidor”.

Portanto, a ação pede providências imediatas do encerramento do último reajuste dos preços “com base em despesas e custos não existentes” e a utilização de uma política de preço sobre os combustíveis por parte do governo federal.

Em relação ao CNPE, a ação diz que o conselho deveria “propor ao presidente da República políticas nacionais e medidas específicas destinadas a promover o aproveitamento dos recursos (...) da preservação do interesse nacional e da proteção dos interesses do consumidor quanto a preço”.

Enquanto a Agência Nacional do Petróleo (ANP) teria a responsabilidade de “promover a regulação e a fiscalização das atividades econômicas dessa indústria da preservação do interesse nacional e da proteção dos interesses do consumidor”.

“Trata-se de pedido de cessação de atos e omissões fundadas em prática inconstitucional, ilícita, antiética e imoral, lesiva aos consumidores dos derivados básicos de petróleo em território nacional afetados pela decisão política de fixação de preços imotivadamente vinculados à paridade internacional”, diz um trecho da ação ajuizada.

Bolsonaro: poderiam “ter esperado um dia”  

O presidente Jair Bolsonaro (PL) agradeceu ontem ao Senado e à Câmara pela aprovação da mudança de ICMS dos combustíveis. Em discurso durante evento de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, no Palácio do Planalto, ele lamentou o reajuste nos combustíveis, mas disse que a Petrobras poderia ter "esperado um dia" para anunciar os aumentos. Bolsonaro relatou ainda que, com a aprovação do projeto, houve uma redução de R$ 0,60 no preço final da gasolina para o consumidor.

“Quero cumprimentar o Senado e a Câmara pela aprovação dos projetos que visam, na prática, suavizar o aumento no óleo diesel no dia de ontem. No final das contas, o governo entra com aproximadamente R$ 0,30, os governadores entram com R$ 0,30 e o contribuinte fica com outros R$ 0,30. Logo mais, estarei sancionando este projeto e o reajuste anunciado pela Petrobras ontem, em vigor hoje, em vez de R$ 0,90, passa para R$ 0,30 na bomba”, apontou. “Eu lamento apenas a Petrobras não ter esperado um dia a mais para anunciar esse reajuste. Mas parabéns à Câmara, ao Senado e aos nossos ministros que trabalharam nesse projeto”, completou. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 11/20 que prevê a incidência do ICMS uma única vez sobre os combustíveis, inclusive os importados, aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro. O texto prevê que a cobrança se dará com base em uma alíquota fixa por volume comercializado e única em todo o país. (Ingrid Soares e Fernanda Strickland)


Rodrigo Pacheco, presidente do Senado
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, cobra contenção de preços (foto: EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO)

“Inaceitável preço nesse patamar”, diz Pacheco

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, criticou ontem a escalada dos preços dos combustíveis no Brasil e cobrou a colaboração da Petrobras e de agentes públicos para o enfrentamento do problema. “É de certa forma inaceitável que o preço dos combustíveis esteja nesse patamar. Invoco aqui a compreensão e a colaboração de todos. Do governo federal aos governos dos estados, passando sobretudo pela Petrobras. Todos têm que contribuir para que haja contenção do aumento de preços, o que é muito nocivo para a economia nacional”, afirmou.

Pacheco destacou a aprovação pelo Senado de duas matérias que buscam segurar a disparada dos preços. O projeto de lei complementar (PLP) 11/2020 prevê uma alíquota fixa e única para o ICMS dos combustíveis em todo o país, cobrada sobre o volume comercializado. Aprovado pela Casa na quinta-feira, o texto passou pela Câmara dos Deputados na madrugada de ontem e seguiu para sanção.

O projeto de lei 1.472/2021, também aprovado na quinta-feira pelos senadores, cria um sistema de bandas com regras para tentar estabilizar os preços de combustíveis. O texto estabelece um auxílio de até R$ 300 mensais para motoristas autônomos de baixa renda. A matéria ainda precisa passar pela Câmara.

“O Senado se desincumbiu de um dever de apreciar o PLP 11/2020 e o PL 1.472/2021, ambos muito importantes para o enfrentamento desse problema gravíssimo que temos no Brasil, que é o preço dos combustíveis. As modificações que a Câmara porventura fizer no PL 1.472/2021 serão depois avaliadas pelo Senado. Vamos respeitar o momento de cada coisa”, afirmou o parlamentar.

Pacheco foi questionado por jornalistas sobre a tramitação do Projeto de Lei 181/2020, que autoriza a mineração e o aproveitamento de recursos hídricos para geração de energia elétrica em terras indígenas. Nesta semana, a Câmara aprovou um requerimento de urgência para a votação do projeto do Poder Executivo. Pacheco disse que, no Senado, o texto deve passar pelas comissões temáticas antes de ser levado ao plenário.

“É melhor que haja o exaurimento na Câmara. Quando chegar ao Senado, vamos dar o tratamento devido, como se dá a todos os projetos, em especial projetos que guardam algum tipo de polêmica. É muito importante que os projetos em regra passem pelas comissões permanentes da Casa, para seu aprimoramento e aperfeiçoamento. Há uma tendência de que esse e outros projetos sejam submetidos às comissões”, afirmou.


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