Mesmo após o governador Romeu Zema (Novo) ter aprimorado a proposta de reajuste de 10,06% ao funcionalismo público, lideranças das forças de segurança de Minas Gerais garantem que a greve branca iniciada há quase três semanas não vai arrefecer. A gestão estadual ofertou às tropas ontem aumento retroativo a janeiro. A ideia, porém, foi logo rechaçada por sindicatos e parlamentares ligados às tropas. Eles já se articulam para pensar em novas estratégias e vão se reunir para debater os próximos passos do movimento.
No último dia 24, Zema anunciou que enviaria à Assembleia proposta de reajuste de 10,06% a todo o funcionalismo, mas com validade retroativa apenas aos profissionais da educação. A cláusula, agora, foi estendida aos trabalhadores da segurança e da saúde. O governo trabalha para remeter aos deputados estaduais a nova versão do texto, já com as adaptações referentes à majoração retroativa.
“Qualquer coisa maior que vier, será vetada. Não temos condição de fazer”, disse o governador, durante entrevista na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. "Tenho certeza de que a nossa Assembleia não vai querer prejudicar mais de 600 mil mineiros, que trabalham ou são aposentados pelo estado."
Entre as vozes do movimento de paralisação das tropas, a avaliação é de que a proposta apresentada por Zema é fruto de um debate feito apenas por integrantes do Palácio Tiradentes, sem a escuta de representantes da classe. Há reclamações de falta de diálogo com os comandantes das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros. "Foi um anúncio unilateral do governo. Reconheço o momento que os comandantes vivem, mas não houve nenhum processo de entendimento", protestou o deputado federal Subtenente Gonzaga (PDT). Na semana passada, houve encontro com a secretária de Estado e Planejamento e Gestão, Luísa Barreto, mas a categoria considerou a reunião inócua.
Agora, o plano é traçar novas táticas para impulsionar a paralisação. Os policiais que aderiram ao movimento têm atuado conforme o estrito dever legal – por isso, atribuições consideradas extras, como a participação em fóruns de conversa dos batalhões, foram abandonadas por parte das categorias.
"Mais uma vez o governador Romeu Zema desprezou a melhor segurança pública do Brasil. Queremos o que nos é de direito", afirmou Aline Risi, presidente da Associação dos Escrivães da Polícia Civil de Minas Gerais (Aespol) e diretora da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol). Os policiais cobram a recomposição salarial das perdas causadas pela inflação com base nos termos de acordo assinado em 2019. À época, o governador Zema acertou reajustar os vencimentos em 12% em julho de 2020; mais 13% seriam acrescidos em setembro do ano passado, além de outros 13% em setembro deste ano. Em que pese o trato, apenas a primeira fatia da reposição foi paga.
Ainda em meio à tentativa de conter a pressão dos policiais sobre o governo, Zema fez crescer, de três para quatro, o número de parcelas anuais do auxílio fardamento. Cada parcela corresponde a 40% do soldo de um soldado – cerca de R$ 2 mil. A sugestão, no entanto, também foi refutada pelas lideranças.