Em meio a polêmicas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu a medalha de mérito indigenista na manhã desta sexta-feira (18/3). O chefe do Executivo recebeu a honraria usando um cocar na cabeça. A indicação do seu nome causou indignação no meio político.
"Me sinto muito feliz com este cocar graciosamente ofertado. Somos exatamente iguais e todos nós viemos à terra pela graça de Deus. Cada vez mais, nos transformamos iguais. Isso não tem preço. O que nós sempre quisemos foi fazer com que vocês se sentissem exatamente como nós", afirmou na solenidade ocorrida no Ministério da Justiça.
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A medalha de mérito indigenista foi criada em 1972 e é concedida a pessoas que se destacam na proteção dos povos indígenas. A condecoração é definida pelo ministro da Justiça, Anderson Torres. A premiação do presidente foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de quarta-feira (16).
Na solenidade, Torres afirmou que é "extremamente leviano" dizer que o governo desmontou as ações que asseguram os direitos dos indígenas. "Pelo contrário, só em 2021 a Polícia Federal realizou inúmeras operações no combate ao garimpo ilegal, desmatamento, queimas e invasão de terras protegidas”, disse o ministro.
Também receberam a honraria os ministros Braga Netto (Defesa), Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral), Tarcísio Gomes (Infraestrutura), João Roma (Cidadania) e Marcelo Queiroga (Saúde).
Além deles, foram agraciados o advogado-geral da União, Bruno Bianco; os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) Jorge Oliveira e Augusto Nardes; o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva; o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques; o diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira; o Secretário Nacional de Segurança Pública, Carlos Renato Machado Paim; e o diretor da Força Nacional de Segurança, Antônio Aginaldo de Oliveira.
Condecorado devolve medalha
O sertanista Sydney Possuelo, ex-presidente da Funai e uma das maiores autoridades sobre a questão indígena do país, devolveu, ontem, a Medalha do Mérito Indigenista, que recebeu há 35 anos. O gesto foi um protesto à concessão da honraria ao presidente Bolsonaro, que, segundo ele, em várias oportunidades se colocou contra os direitos dos povos originários — como, por exemplo, quando criticou a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) não acatar a tese do novo marco temporal da demarcação das terras indígenas.