Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES

Janones tacha Bolsonaro de 'despreparado' e diz que Lula está ultrapassado


O deputado federal André Janones (Avante-MG) oficializou a pré-candidatura à presidência da República em janeiro deste ano e, desde então, adota discurso de oposição a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), líderes das pesquisas eleitorais.



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A pedido do Estado de Minas, o parlamentar analisou os possíveis rivais na disputa de outubro. Para ele, o petista é “ultrapassado”; o atual chefe do poder Executivo, por sua vez, é “despreparado”. Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) também receberam críticas.

Ao falar de Bolsonaro, contra quem subiu o tom em 2020, em meio aos debates sobre a concessão de auxílio emergencial aos afetados pela pandemia de COVID-19, Janones afirma que ele não consegue suprir as necessidades intrínsecas ao assento presidencial.

“Muito aquém do cargo. Despreparado. Alguém que detém um projeto de poder. Vaidade pessoal muito forte. Não tem a noção da dimensão do que é ser presidente”, diz.





Quando o assunto é Lula, Janones garante que o ex-presidente “contribuiu” para o Brasil, mas é igualmente enfático ao pregar “coragem” e assegurar que as ideias do petista, neste momento, não representam a melhor via.

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“Não discuto números. A negação da realidade nunca é o melhor caminho. Considero absolutamente ultrapassado. Resumiria Lula assim: tchau, muito obrigado pelo que fez, poderia ter sido muito melhor — poderíamos ter explorado muito melhor o cenário internacional naquele momento”, salienta.

“Agora, pode passar o bastão para a nossa geração que sabemos como continuar o que tem que ser feito no país, com muito mais coragem e aproveitamento do que a gestão Lula”, emenda.

Confira a entrevista completa



Janones sobre Moro: ‘Não é político’

Deputado federal em primeiro mandato, Janones esteve com o ex-juiz em algumas oportunidades. No início deste ano, por exemplo, se encontraram em São Paulo (SP) e apresentaram, um ao outro, as propostas que desejam encampar. Para o parlamentar, Moro ainda não é formalmente um político. 





“É alguém que não sabe o que é ser político. Não tem sensibilidade para entender os problemas da sociedade”, sustenta.

“Estive com Moro algumas vezes, e a sensação é que estou diante de um juiz, e não de um candidato a presidente. É alguém que não se despiu da figura do juiz. Poderia ter contribuído muito mais com o país”, sentencia.

Advogado, ele tem questionamentos a respeito da Operação Lava-Jato, fundamental para alçar Moro ao posto de ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro, com quem rompeu há dois anos.

“A ideia central da Lava-Jato é muito louvável — se tivesse tido a noção de que estamos em um Estado Democrático de Direito, onde precisamos seguir normas e procedimentos. Tentou criar a figura do justiceiro, do super-herói, meteu os pés pelas mãos e deu um prejuízo gigantesco ao país — talvez maior do que a corrupção que estava ali para combate”, opina.






Sobre Ciro: ‘Bolsonaro com preparo’

Embora reconheça o preparo do pedetista Ciro Gomes, André Janones faz questão de mencionar o temperamento do potencial concorrente.

“Em relação ao descontrole, ele repete Jair Bolsonaro. É preparado e capacitado, mas, ao mesmo tempo, com o mesmo descontrole e modus operandi de Bolsonaro. Talvez um Bolsonaro com preparo e intelectualidade”, compara.

Segundo o pré-candidato do Avante, Ciro não tem apelo popular por ter se transformado no que chamou de “candidato profissional”.

“ aproximou-se demais da elite intelectual a um alto preço: se afastou das bases, deixou de conhecer no corpo a corpo os problemas do povo e virou um teórico. O reconhecimento é em relação ao preparo e à capacidade intelectual, mas em algum momento se afastou de suas origens”.