Jornal Estado de Minas

DESGOSTO

Fernanda Montenegro critica governo Bolsonaro: 'trágico'

A atriz Fernanda Montenegro disse, em entrevista à Revista Ela, do jornal O Globo, divulgada no domingo (20/3), que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) é trágica e que os brasileiros estão "nas catacumbas, vivos". A imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), que está com 92 anos, ainda afirmou que não pretende mais votar.





"Não vou votar. O mais simbólico desse governo foi o fim da cultura das artes. Não tem governo radical que não pare a cultura das artes. Mas estamos nas catacumbas, vivos. E não estamos extinguidos", confessou a artista. Ela ainda disse que, hoje, a esperança tem que estar mais ativa do que nunca.

Na entrevista, Montenegro criticou o símbolo que se tornou marca registrada de Bolsonaro: a arminha com as mãos. "Estamos com esse trágico governo, um presidente que faz como símbolo da sua atividade presidencial uma mão (faz o gesto de Jair Bolsonaro) que é uma arma ou o sexo de um homem. É um emblema sórdido", opinou a imortal.
 

Antecessores


Para Fernanda Montenegro, Bolsonaro só venceu as eleições em 2018 porque os presidentes que assumiram o poder antes dele "não fizeram o suficiente". "Esse homem só está no poder porque todos os governos que o precederam, embora mais simpáticos, mais democratas, não fizeram o suficiente. Dou como exemplo as favelas. É uma herança. Por que não tiraram esse homem do poder? A carência social não deveria estar tão potente."





A atriz foi eleita imortal da Academia Brasileira de Letras no final do ano passado. Na ocasião, ela discutiu o cenário político do Brasil e não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro, e ao ex-presidente Lula. "Estamos vivendo um momento complicadíssimo, porque esse horror (Bolsonaro) quer continuar, e o outro (Lula), apesar de ter sido bastante interessante, quer voltar. Mas com quem? Com o quê? Com qual atendimento político honesto e sadio, sem ter que comprar votos para continuar, por exemplo?", disse ela ao ser eleita imortal, garantindo que, se o Lula voltar, “seria como uma reeleição”.