Brasília – O presidente Jair Bolsonaro (PL) deu indícios de que o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, será seu vice na campanha eleitoral. “Vou te dar mais uma dica: é nascido em Belo Horizonte. E fez colégio militar”. As declarações foram feitas na manhã de ontem. O presidente afirmou que o público saberia sua escolha a partir do dia 31, quando os ministros precisam começar a deixar seus cargos para concorrer no pleito de outubro. Apesar de Braga Netto ter servido em sua carreira militar no Rio de Janeiro, ele nasceu na capital mineira. Entre os ministros de Bolsonaro, ele é o único de Minas Gerais.
Decidimos que não reconduziríamos o vice Mourão para disputar as eleições. Ele disputará, com o nosso apoio, o Senado pelo Rio Grande do Sul. Obviamente, vocês vão tomar conhecimento de quem vai ser meu vice pelas possíveis saídas de ministros agora, 31 de março. Eu não quero adiantar agora o nome dele, mas devemos ter um vice que não é para ajudar a ganhar a eleição, mas, sim, para governar o Brasil", afirmou.
Bolsonaro foi questionado em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, sobrem quem seria seu futuro colega de chapa e afirmou que o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, comentarista do programa, já sabia quem era e estaria livre para dar palpites. Salles então afirmou que seria o general. O presidente ainda convidou o ex-ministro para ser vice na chapa do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, ao governo de São Paulo. “Salles está aberto ao Senado e a vice em São Paulo, ok? Nós vamos apoiar”, disse o presidente.
Bolsonaro também afirmou que a terceira via está cada vez menor e este é o motivo da polarização entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O desfecho se concretizará na disputa. O presidente ainda voltou a utilizar o lema fascista: “Eu tenho um lema: Deus, Pátria, Família e Liberdade”
“NENHUMA SURPRESA”
Bolsonaro afirmou ontem também que espera “não ter nenhuma surpresa” por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições. A declaração ocorreu no Palácio da Alvorada durante exposição de veículos movidos a biometano. Ele chegou inclusive a dirigir um trator entre os palácios do Planalto e da Alvorada. “A gente espera que não tenhamos nenhuma surpresa por parte do TSE. Espero. As Forças Armadas foram convidadas para participar do processo eleitoral. Aproximadamente 90 militares nessa guerra cibernética estiveram envolvidos nessa questão.”
Bolsonaro apontou ainda que o ministro Braga Netto apresentou sugestões à Corte eleitoral para “dissipar a possibilidade de suspeita de fraudes”. Mas, segundo ele, não está incluso nas sugestões temas sobre o voto impresso. “Pelo que estou sabendo, Braga Netto está viajando. Vou conversar com ele hoje. O Braga Netto teria apresentado sugestões ao TSE para que se dissipasse a possibilidade de suspeita de fraudes. Não está incluído aí o voto impresso. Isso não se discute mais. Eu acredito que o TSE acolhendo isso, acredito que podemos ter eleições sem qualquer dúvidas, sem qualquer suspeição de possível fraude”, comentou. Na ocasião, o presidente também foi questionado sobre a possível saída do diretor da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, mas desconversou, encerrando a entrevista. “Não vou entrar em detalhes aqui”, concluiu.
“Perseguição implacável” de Moraes
Brasília – O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes foi criticado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro mais uma vez, ao reclamar das sanções impostas pelo magistrado ao aplicativos de mensagens Telegram. “Sabemos da posição do Alexandre de Moraes. É uma perseguição implacável para cima de mim. Tivemos momentos difíceis no ano passado, quando o Tribunal Superior Eleitoral julgou a possibilidade da cassação da chapa Bolsonaro-Mourão por fake news. Acredite, eu até respondi processos no TSE por abuso do poder econômico”, disse o presidente durante entrevista à Jovem Pan.
De acordo com Bolsonaro, Moraes teria o intuito de favorecer algumas candidaturas, em especial a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário. “Nós sabemos o que alguns querem no Brasil. Não são todos. Me querem fora de combate e o Lula eleito. Pode ter certeza, dentro das quatro linhas, temos como fazer com que o processo caminhe dentro da normalidade no Brasil”, frisou. Bolsonaro tem quase um milhão de inscritos em seu canal do Telegram. A plataforma também é um dos principais acessos a grupos disseminadores de fake news.
Bolsonaro comentou a decisão de Alexandre de Moraes, tomada na sexta-feira, de bloquear o Telegram no país por falta de cumprimento de decisões judiciais. No domingo, o magistrado suspendeu o bloqueio depois que a plataforma nomeou um representante legal no Brasil e acatou outras exigências. O chefe do Executivo, entretanto, distorceu os fatos e disse que Moraes recuou de sua decisão porque perderia no plenário. Isso porque a Advocacia-Geral da União recorreu ao STF contra a decisão de Moraes.
“Revogou a própria decisão dele. O nosso advogado-geral da União, Bruno Bianco, entrou com uma ação sexta e sábado, muito bem fundamentada, levando-se em conta a jurisprudência do próprio Supremo. A ação caiu para a senhora Rosa Weber, que já era autora de uma jurisprudência, ou seja, o Alexandre de Moraes ia perder no plenário isso dai e resolveu recuar”, apontou.
LIVE
Bolsonaro ainda criticou Moraes por exigir do Telegram a retirada de uma live sua feita em 2021. “Agora, eu lamento, até ao tentar resolver alguma coisa, prejudicar todo mundo. Uma das causas dele era retirar do ar uma live minha do Telegram. Ah, pelo amor de Deus, Alexandre de Moraes, você quer que eu tire? Eu tiro agora. Não tem problema nenhum”, afirmou.
O presidente também caracterizou como “crime” a decisão anterior de Moraes sobre o aplicativo. “Eu não tenho o número exato, mas tem dezenas de milhões de pessoas que usam Telegram. Você não pode prejudicar pessoas que usam isso daí para fazer negócio, para tratamento médico, usam para defesa civil. Isso é um crime fazer isso daí. É um ato, no meu entender, lamentável, que ele resolveu recuar a tempo”.
Importação de etanol tem imposto zerado
Brasília – O Ministério da Economia anunciou ontem que zerou da alíquota do Imposto de Importação do etanol e de seis alimentos: café moído, margarina, queijo, macarrão, óleo de soja e açúcar. Segundo a pasta, a queda se deu pela inclusão desses produtos na Lista de Exceções à TEC do Mercosul (Letec) e terá vigência até 31 de dezembro de 2022. Foram priorizadas mercadorias com peso relativamente maior nas cestas de consumo da população e para os quais a inflação acumulada nos últimos 12 meses tenha tido significativa variação positiva.
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, afirmou que a redução do imposto pode baratear a gasolina nas bombas em até R$ 0,20 por litro. No entanto, a medida não é garantia de que a diminuição da cobrança do combustível será repassada ao consumidor final. A Petrobras anunciou, em 10 de março, um reajuste dos preços nas refinarias – alta de 18,8% na gasolina e 24,9% no diesel.
A Gecex também aprovou uma nova redução de 10% das alíquotas do Imposto de Importação dos produtos definidos como Bens de Capital (BK) e Bens de Informática e Telecomunicações (BIT) na Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. A primeira redução, de 10%, ocorreu em março de 2021.
O presidente Jair Bolsonaro reafirmou ontem que não pode interferir na Petrobras. Disse também que um dos motivos da disparada no preço dos combustíveis é a corrupção dos governos petistas. "Não é fácil tratar desse assunto. Alguns querem que a gente interfira na Petrobras. E a gente não pode fazer isso. Até porque o próprio pessoal da Petrobras, a começar pelo presidente, responderia criminalmente por ter aceitado uma interferência nesse sentido", afirmou ele em entrevista à Jovem Pan.
O presidente disse também que entre as causas do aumento nos preços estariam a falta de refinarias, a guerra na Ucrânia, pois "o petróleo é uma commodity e a Petrobras segue a política de paridade internacional", e a corrupção deixada pelos governos petistas. "A Petrobras, ao logo de 14 anos, foi contraindo dívidas por varias questões: desvios, roubos, obras não concluídas, interferências nos preços dos combustíveis. Isso acumulou em quase R$ 1 trilhão em dívidas. Quando isso acontece, fica difícil de baratear os combustíveis", frisou.
Bolsonaro participou da solenidade das medidas de fomento à produção e ao uso sustentável de biometano, no Palácio do Planalto. O chefe do Executivo afirmou que, com o projeto, “em pouco tempo poderemos ter no Brasil o equivalente a quatro vezes aquilo que recebemos da Bolívia em gás”. O presidente ressaltou ainda que o intuito é a substituição do uso do biodiesel no Brasil. “A energia vem de resíduos sólidos dos lixões e também do resíduo animal do campo. Podemos também, em um curto espaço de tempo, substituir o consumo de diesel no Brasil”, disse.