A pressão cresce em torno do ministro da Educação, Milton Ribeiro. Após uma série de denúncias sobre a influência de pastores na gestão da pasta, parlamentares pedem esclarecimentos e investigações. Nesta terça-feira (22/3) o senador Fabiano Contarato (PT-ES) apresentou notícia crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a investigação do ministro.
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Moro: 'Lula age como se o brasileiro tivesse perdido a memória'Gilmar: 'Legado de Bolsonaro foi ter nomeado Moro e devolvê-lo para o nada'Eleições 2022: veja as novas regras do Youtube'Bolsonaro começou a destruir o continente', diz rapper porto-riquenhoParlamentares entram com notícia-crime contra Bolsonaro e Milton Ribeiro“Resta claro que o ministro da Educação, ao conceder liberação célere de recursos, priorizando atender ‘a todos que são amigos do Pastor Gilmar’, patrocina ou apadrinha diretamente interesse privado perante a administração pública, valendo-se para isso da sua qualidade de funcionário público, o que configura crime de advocacia administrativa”, afirma Contarato no documento.
O senador pede que o STF requeira ao procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, a abertura de inquérito investigativo por eventual infração penal, além da possível propositura de ação civil pública em razão de ato de improbidade administrativa, pela afronta a princípios administrativos, conforme os fatos narrados. O senador também pede que o PGR realize a oitiva de todos os envolvidos, incluindo o próprio ministro, o Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e os pastores citados no caso.
O deputado federal Ricardo Silva (PSB-SP) também cobra explicações. O parlamentar protocolou um requerimento de convocação de Ribeiro para prestar esclarecimentos à Câmara dos Deputados sobre o áudio vazado.
Para o deputado, a atitude é incoerente com o corte das verbas da Educação, que, apenas no atual governo, teve o menor orçamento da década. “É necessário verificar se essas supostas irregularidades estão acontecendo no Ministério da Educação. A prioridade de envio de verbas deve ser analisada por aspectos técnicos, e não por interesses políticos ou motivos individuais”, aponta.
“O ministro precisa prestar esclarecimentos ao parlamento brasileiro. Algo tão sério e importante como o conteúdo do áudio vazado não pode passar despercebido. Precisamos com urgência apurar essas informações para dar uma resposta ao povo brasileiro”, continua o parlamentar.
O áudio vazado na segunda-feira (21) pela Folha de S.Paulo revela que o presidente da República teria feito um “pedido especial” para que o MEC priorizasse os municípios e, depois, os “amigos do pastor Gilmar”, referindo-se ao pastor evangélico Gilmar Silva dos Santos.