Jornal Estado de Minas

ELEIÇÕES 2022

Após escândalo, Arthur do Val se filia ao União Brasil

Pouco mais de um mês após ser desfiliado do Podemos pelos áudios vazados em que o parlamentar sexualiza refugiadas ucranianas, o deputado Arthur do Val encontrou uma nova legenda para dar continuidade à carreira política. Na terça-feira (29/3), ele se filiou ao União Brasil, sigla que nasceu da fusão do extinto Democratas com o Partido Social Liberal (PSL).






A sigla ainda não informou se Arthur concorrerá a algum cargo legislativo. Logo após a divulgação dos áudios, em 4 de março, o parlamentar retirou a pré-candidatura ao governo de São Paulo. Na ocasião, ele afirmou que a desistência era uma forma de “preservar o árduo trabalho” do partido e não deixar que as “lamentáveis falas sejam utilizadas para atacá-lo”.

A movimentação pode ser uma forma de garantir uma possível candidatura, após a poeira baixar. Isso porque o parlamentar fez a migração na última semana da janela partidária, período em que deputados e deputadas podem trocar de partido para concorrer às eleições deste ano sem perder o mandato. O prazo se encerra nesta sexta-feira (1º/4). O processo também deve ser seguido por outros nomes do Movimento Brasil Livre (MBL), que deixou o Podemos após crise com Arthur.

Garantida uma possível candidatura, Arthur tem outros obstáculos para o pleito deste ano e, mais ainda, para o atual mandato. O áudio vazado, em que ele afirma que as ucranianas “são fáceis porque elas são pobres” e que “aqui a minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais”, rendeu ao deputado a abertura de um processo disciplinar na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O áudio foi feito durante uma viagem do deputado à Ucrânia, que afirmava querer "mostrar a realidade da guerra". 





O Conselho de Ética da casa legislativa recebeu 21 representações contra ele e decidiu transformá-la em um único processo. Agora, o grupo tem até 30 dias para julgar o caso e determinar a punição, que pode ir de uma simples advertência até a cassação definitiva do mandato. Em 10 de março, o deputado Delegado Olim declarou, em entrevista ao G1, que “ninguém vai passar a mão na cabeça” de Arthur no Conselho.

De acordo com o G1, na defesa prévia entregue por ele à Alesp, o deputado diz que não pode ser punido por áudio vazado por maneiras ilegais de conversas privadas no Whatsapp.

Além disso, o advogado de Arthur diz que há “extraterritorialidade do ato supostamente ilícito praticado”, porque os áudios foram feitos na Ucrânia, e que, por isso, o Colegiado não tem “competência jurídica” para “processar e julgar o acusado com base nas leis brasileiras”.

“É juridicamente impossível o pedido de perda de mandato de parlamentar licenciado, uma vez que as normas regimentais preveem que a quebra de decoro parlamentar somente se dá ‘no desempenho do mandato’”, declarou a defesa. Para fazer a viagem até a Ucrânia, o parlamentar pediu dois dias de licença não remunerada para a Mesa Diretora da Alesp.





Na próxima sessão do Conselho de Ética, os deputados integrantes do grupo irão decidir qual deles será o relator do processo contra Arthur. O relator é quem decidirá qual é a pena mais adequada para o caso. No entanto, a decisão do parecer deve ser aceito, ou não, pelos 11 membros do colegiado.

Em seguida, o processo vai para votação no plenário da Alesp, aos moldes de um projeto de lei. Arthur será punido se pelo menos 48 deputados votarem a favor da punição.

Em um vídeo publicado em 7 de março, Arthur do Val pediu desculpas novamente e reclamou sobre as possíveis punições que pode receber. “É proporcional a punição que eu estou tendo? É justo, eu mereço ser cassado? Eu acho que não”, disse ele.