O secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC), Victor Godoy Veiga, passa a comandar interinamente, a partir desta quarta-feira (30/3), a pasta. Ele foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) após a saída de Milton Ribeiro, causada pela divulgação de um áudio que o liga a um esquema ilegal de repasse de verbas a cidades escolhidos por pastores sem função no ministério. A nomeação foi publicada na edição desta quarta do Diário Oficial da União.
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Prefeitos: pastor pedia propina em dinheiro e ouro em troca de verba do MECSilveira diz que só cumprirá ordem do STF quando deputados decidiremEx-prefeito de Uberaba vai assumir o Ministério da AgriculturaQueiroga: decreto do fim da emergência sanitária não sai até quinta (31)Victor está presente na pasta desde julho de 2020, mesmo período em que o ex-ministro tomou posse no ministério. Um dos primeiros atos oficiais assinados por ele foi a exoneração de quatro assessores especiais do ex-ministro Abraham Weintraub, conhecidos pela forte orientação ideológica pela direita, assim como o ex-comandante da pasta.
Godoy é, de acordo com dados do site do MEC, graduado em engenharia de redes de comunicação de dados pela Universidade de Brasília (UnB), em 2003.
Ele tem duas pós-graduações em assuntos diferentes: Altos estudos em Defesa Nacional, pela Escola Superior de Guerra (ESG), e em Globalização, justiça e segurança humana pela Escola Superior do Ministério Público em parceria com instituições internacionais da Alemanha e da África do Sul.
Antes de ingressar no MEC, Godoy atuava como auditor federal na Controladoria-Geral da União (CGU), onde era servidor público desde 2004. No órgão, ele alcançou postos altos: foi chefe de divisão, coordenador-geral, diretor-substituto de auditoria e diretor de auditoria da área social e de acordos de leniência.
Secretário assume após Ribeiro se envolver em suposto caso de corrupção
Victor é o quinto nome a ocupar a cadeira de comando do MEC apenas no governo Bolsonaro. O ex-ministro Milton Ribeiro deixou a pasta na segunda-feira (28/3), após uma reunião às pressas com o presidente. Ribeiro protagonizou a mais nova crise da pasta, após a divulgação de um áudio que revelou que ele priorizava o repasse de verbas para prefeitos que haviam negociado a preferência com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. A revelação da gravação foi feita em 21 de março.
Ribeiro ainda diz que a prioridade dada por ele atende a um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar", diz o ministro na conversa em que participaram prefeitos e os dois religiosos.
A fala teria sido dita durante uma reunião dentro do MEC e, no momento, Ribeiro falava sobre o orçamento da pasta, cortes de recursos da educação e a liberação de dinheiro para obras. Estavam presentes prefeitos, lideranças do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e os dois pastores.
O ministro deixa claro, na conversa, que trabalha com duas prioridades: municípios “que mais precisam” e prefeituras agraciadas pelos pastores. "Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar".
Ribeiro chegou a dizer que sabia da atuação indevida dos pastores e mantinha o “trato normal” para não atrapalhar uma suposta investigação comandada pela CGU, após o ex-ministro encaminhar uma denúncia contra os religiosos. No entanto, a justificativa não foi capaz de conter a crise no ministério.
Na sexta-feira (25/3), a Polícia Federal (PF) abriu um inquérito contra o ex-ministro, autorizado pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). O caso será investigado pelo delegado federal Bruno Caladrini.