A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado Federal aprovou na manhã desta quinta-feira (31/3) dois requerimentos, um de convite — do senador Wellington Fagundes (PL-MT) —, e outro de convocação — do senador Jean Paul Prates (PT-RN) —, ao ministro interino da Educação, Victor Godoy, para esclarecer sobre o tráfico de influência no MEC. O ex-ministro Milton Ribeiro, exonerado do cargo na última segunda (28), não compareceu à oitiva.
Leia Mais
Confira as polêmicas do Ministério da Educação com Milton RibeiroSob pressão: Milton Ribeiro pede demissão do ministérioMilton Ribeiro diz que autorizou vincular imagem à produção de bíbliasPrefeitos: pastor pedia propina em dinheiro e ouro em troca de verba do MECEx-ministro Milton Ribeiro diz que recebeu pastor a pedido de Bolsonaro'Calma é o cacete, p...', diz Bolsonaro ao defender Daniel SilveiraBolsonaro sobre tomar vacina contra COVID: 'Deixa eu morrer'; assista Bolsonaro ataca Moraes: 'Cale a boca! Bota a tua toga e não encha o saco'Durante a discussão sobre os requerimentos, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) temeu que o pedido do senador Wellington sobre Victor Godoy fosse para uma conversão da convocação em convite, como foi feito com o ministro anterior, Milton Ribeiro, que dias depois foi exonerado do cargo.
Segundo Randolfe, o movimento foi uma “malandragem” do governo federal, uma vez que a oposição topou a conversão do requerimento. Milton Ribeiro chegou a ligar para o presidente da CE, Marcelo Castro (MDB-PI), se comprometendo a comparecer hoje para prestar esclarecimentos ao colegiado, mas não cumpriu com a promessa.
“Fizemos a convocação. O senador Wellington e outros colegas da base de apoio do governo fizeram apelo para converter convocação do senhor Milton Ribeiro em convite. Depois disso, tem uma malandragem. O ministro se demite e simplesmente não comparece à comissão. Estamos nós aqui, na comissão, sem a presença do senhor Milton Ribeiro”, disse Randolfe, que ainda citou “falta de cortesia” do governo. “As regras de cortesia são regras para nós, eu sei que não é regra para o governo, diante do notório acontecimento do dia de hoje”.
Autor do requerimento de convocação, Jean Paul Prates concordou com o questionamento de Randolfe Rodrigues e esclareceu que aceitou aprovar os dois requerimentos em conjunto, como foi feito, mas não converter a convocação em convite.
“Concordo plenamente com senador Randolfe. Meu interesse em concordar com o senador Wellington é aprovar os dois requerimentos, não converter o meu em convite. Essa ideia eu entendi e por isso dei positivo. Que aprove o convite e a convocação”, esclareceu.
Em seu pedido de requerimento de convite, o senador da base do governo, Wellington Fagundes disse que concorda que “os fatos precisam ser esclarecidos”.
Relembre o caso
Milton Ribeiro virou alvo de inquérito da Polícia Federal por suspeita de favorecer pastores na liberação de verbas para prefeituras.
O escândalo foi denunciado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que apontou a existência de um gabinete paralelo no MEC, comandado por dois pastores. A Folha de S.Paulo também divulgou áudio em que Milton Ribeiro diz: “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar (Santos). A minha prioridade é atender, primeiro, aos municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”. As declarações teriam ocorrido numa reunião com dirigentes municipais dentro do ministério.
Com a revelação do áudio, começaram a surgir denúncias de prefeitos sobre propinas que os pastores cobravam para facilitar a liberação das verbas do MEC. Ribeiro nega qualquer irregularidade e conta com o apoio de Bolsonaro. “O Milton, eu boto minha cara no fogo por ele. Estão fazendo uma covardia”, protestou Bolsonaro em uma live.