O ex-juiz Sergio Moro, envolto em uma polêmica sobre suas pretensões políticas depois que deixou o Podemos e se filiou ao União Brasil, se reuniu neste sábado (2/4) com o ex-governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB), cotado para participar da corrida presidencial. A conversa, segundo Moro, foi pautada pela necessidade de "união do centro". Sob o mesmo mote, ele também se reuniu com a senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB ao Palácio do Planalto.
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Agostinho Patrus, favorito para ser o vice de Kalil, troca o PV pelo PSDGoverno de MG: temor por acordo com o Novo fez Viana ir do MDB para o PLAla do União Brasil deve pedir impugnação da filiação de MoroApós 'desistir', Moro lança vídeo em clima de campanha eleitoral 'Saúde está 100%', diz Bolsonaro, comendo pastel e tomando caldo de canaPimentel defende apoio do PT a Kalil: 'Não há por que não estarmos juntos'"Conversei com Eduardo Leite sobre o momento político do país e sobre a necessidade de união do centro que está sendo liderada no União Brasil por Luciano Bivar", disse.
O União Brasil nasceu da fusão entre DEM e PSL. A citação elogiosa de Moro a Bivar, deputado federal por Pernambuco, patrocinador de sua filiação à sigla, ocorre um dia depois após a ala do União ligada ao DEM, liderada por ACM Neto, pré-candidato ao governo da Bahia, ameaçar impugnar sua chegada à agremiação.
Antes de tornar público o conteúdo do bate-papo com Leite, Moro compartilhou uma foto ao lado de Tebet, com quem se encontrou em São Paulo (SP).
"Conversamos sobre a união do centro. Democratas não podem se conformar com os autocratas Lula e Bolsonaro. Precisamos da indignação e do apoio de todos os brasileiros de bem".
Ameaça de impugnação e vaivém
O grupo de ACM Neto começou a falar em impugnar a filiação de Moro após o ex-ministro de Bolsonaro recuar e afirmar que não desistiu da pré-candidatura a presidente da República.
"Não desisti de nada. Muito menos do meu sonho de mudar o Brasil. Pelo contrário, sigo firme no meu projeto. O Brasil vive um momento decisivo... propostas erradas de Lula e Bolsonaro, governos baseados em mentiras", disse. E completou: "Para livrar o país desses extremistas, coloquei meu nome à disposição. Não tenho ambição por cargos. Senão continuaria juiz ou ministro. Não serei candidato a deputado federal".
Anteontem, no entanto, Moro havia adotado outro tom. "Para ingressar no novo partido, abro mão, neste momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor".
Após ele ter dito que não desistiu "de nada", o deputado federal Alexandre Leite, tesoureiro do União Brasil em São Paulo e integrante do grupo de ACM Neto, emitiu comunicado para garantir que o acordo com Moro passa a uma candidatura a deputado federal ou estadual em solo paulista.
"Em caso de insistência em um projeto Nacional, o partido vai impugnar a ficha de filiação de Moro", lê-se em trecho do texto.
Segundo ACM Neto, uma vez questionada formalmente, a filiação de Moro só poderia ser restaurada com o apoio de 60% da executiva do partido. A ala de Luciano Bivar, no entanto, controla só 51% dos votos.
Ao deixar o Podemos, na quinta, mesmo dia em que desembarcou no União, Moro irritou os líderes da antiga casa.
"Para a surpresa de todos, tanto a Executiva Nacional quanto os parlamentares souberam via imprensa da nova filiação de Moro, sem sequer uma comunicação interna do ex-presidenciável", protestou a deputada federal Renata Abreu, presidente do Podemos.