Não foi somente por causa do avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas de opinião que acendeu a luz amarela na pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A dificuldade de agregar as esquerdas em torno de uma única liderança, as resistências internas de setores petistas à presença do ex-governador Geraldo Alckmin na chapa e o desejo de outros partidos de esquerda serem também protagonistas na corrida eleitoral atrapalham alianças tanto a nível federal quanto nos estados.
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Trocas partidárias fortalecem Bolsonaro nas regiões Sul e SudesteTrocas partidárias deixam Centrão fortalecido e esquerda reduzidaLicitação do governo custa R$ 732 mi a mais para a compra de ônibus escolarAdriano Pires desiste de assumir a presidência da PetrobrasO xadrez político da campanha presidencial das eleições de 2022Presidente do Flamengo desiste de presidir conselho da Petrobras"Por parte do PSB, há uma dificuldade porque são adversários do PT em muitos estados, como Pernambuco", explicou o analista político da consultoria Arko Advice Carlos Borenstein. "Isso impede uma aliança maior com Lula, pois haverá impacto disso nas eleições municipais de 2024. E se Bolsonaro se reelege, como será o posicionamento da oposição? Por isso, a representação regional pesa", observou.
Passivo eleitoral
Já para o cientista político Leandro Gabiati, o PT traz um passivo pesado: o das denúncias de corrupção do Mensalão e do Petrolão, que, inclusive, contribuíram para que se formasse a onda de antipolítica que resultou na eleição de Bolsonaro, em 2018. Para o especialista, a campanha de Lula terá de trabalhar intensamente para desviar o foco desse tema — que vem sendo usado pelo atual presidente nos eventos de que participa, quando diz que, no governo dele, não tem corrupção.
"Essa eleição traz temas como crise econômica, inflação e redução do poder de compra do consumidor. Entretanto, Bolsonaro tem trazido em cada ato e em cada fala, a lembrança da corrupção do PT e que, no governo dele, supostamente não há corrupção. A lembrança disso será frequente ao longo dos próximos seis meses, até fim do primeiro turno", previu.
Um dos que mais tem explorado essa fraqueza do PT é o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes. Nas redes sociais, tem atacado frequentemente tanto Bolsonaro quanto Lula na expectativa de ser contrapor ao atual presidente e de tirar votos do petista. As pesquisas eleitorais, porém, não endossam o acerto dessa estratégia: na mais recente pesquisa Ipespe, divulgada em 25 de março, o ex-governador do Ceará está em quarto lugar, com 7% dos votos — atrás do ex-juiz Sergio Moro, com 9%.
A presença do ex-tucano Alckmin também é um fator de resistências dos partidos em entregar o protagonismo eleitoral ao PT. Mas, mesmo assim, os analistas consideram que foi uma manobra acertada trazer alguém com um perfil de centro-direita — apesar de filiado ao PSB, teve toda uma trajetória construída no PSDB —, a fim de conquistar um eleitorado mais conservador, porém, reticente em depositar o voto em Bolsonaro.
"Alckmin é uma sinalização ao centro para evitar o isolamento da legenda como ocorreu na eleição em 2018", salientou Borenstein.