As eleições de 2022, em outubro, movimentaram não apenas o cenário estadual e federal dos políticos, mas também o municipal. Em Belo Horizonte, por exemplo, mais da metade dos vereadores devem tentar uma cadeira como deputado federal ou estadual no pleito deste ano - inclusive, com trocas de partidos, mesmo fora da janela partidária para estes parlamentares.
Conforme apurou o Estado de Minas diretamente com vereadores e com pessoas ligadas a eles, dos 41 parlamentares belo-horizontinos, 23 têm chances ou já estão garantidos na disputa em 2022, hoje como pré-candidatos - veja a lista completa ao fim desta reportagem. Desses, 12 têm aspirações a deputado estadual mineiro na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e 11 para deputado federal na Câmara dos Deputados.
As novas pretensões políticas, inclusive, motivaram a mudança de partido de alguns desses pré-candidatos. É o caso de Irlan Melo (Patriota), que não vinha de boa relação com o PSD, deixou o partido de forma legal, segundo ele, e se filiou ao Patriota para disputar o posto de deputado federal em 2022.
"O que mais me motivou é que eu estou vendo que grandes pautas que defendo estão a nível nacional. Fui idealizador com o ministro Tarcísio sobre área de escape do Anel Rodoviário e quero resolver o problema do Anel, também atuo na causa de pessoas com deficiência, quero trabalhar legislação do PCD, isso também me motiva bastante. Também com muito diálogo, sempre fui do diálogo e a polarização nos extremos é prejudicial", afirmou ao Estado de Minas.
A janela partidária para vereadores se abre somente em ano de eleição municipal - a última foi em 2020. Enquanto Irlan e outros nomes, como Bim da Ambulância (Avante), pré-candidato a deputado estadual que deixou o PSD para seguir ao Avante, tiveram sucesso com essa troca por meios jurídicos, outros vivem imbróglio.
Segundo vereador mais bem votado da história de BH, com 29.388 votos, Nikolas Ferreira (PL), que deve se candidatar a deputado federal em 2022, trocou o PRTB pelo PL, partido de Jair Bolsonaro (PL), presidente da República, próximo ao vereador belo-horizontino. A legenda não aprovou a troca e entrou com uma ação para cassar o mandato de Nikolas.
"É uma possibilidade, que muitas pessoas pedem para ampliar o trabalho e trabalhar em pautas que não consigo trabalhar como vereador. Mas continuo focado em BH. Eu simplesmente decidi mesmo seguir o partido por conta de, se vier essa missão, de ir no âmbito federal, eu possa assumir", afirmou Nikolas, à reportagem.
Conforme a legislação, para concorrer em 2022, o pré-candidato precisa estar filiado ao determinado partido até a última sexta-feira (1º/04), motivo pela urgência quanto à troca de alguns dos vereadores. Léo Burguês (União), pré-candidato a deputado federal, viu seu nome ser oficializado no União Brasil, legenda fruto de fusão do PSL, ex-partido de Burguês, e Democratas.
"Venho me juntar para somar para uma construção desse grande partido aqui em Minas Gerais e, numa missão do partido, serei candidato a deputado, sou pré-candidato a deputado federal pelo União Brasil", afirmou o vereador.
Dona do recorde de votos para a Câmara de BH na história, com 37.613 votos, a vereadora Duda Salabert (PDT) é outro nome de olho em um cargo federal. Ela, contudo, tem uma questão: pode disputar uma cadeira para a Câmara dos Deputados ou tentar o Senado Federal.
"A conjuntura tem me convocado a uma candidatura como deputada federal. Ao mesmo tempo, também as ameaças de morte que sofri me expuseram num cenário de ódio que está se ampliando e estabilizando no Brasil, há necessidade também de uma proteção maior, que só seria possível (como) federal", afirmou Duda, à reportagem.
Mas ela pondera: "95% dos mineiros, de acordo com a última pesquisa, não sabem em quem votar para o Senado. Entre os que sabem, meu nome aparece em 3° lugar na disputa. E aí? Muita água pra rolar", afirmou Duda, no Twitter, no último domingo (3).
Todos podem ser considerados pré-candidatos nas eleições de 2022 até o período em que é permitida a realização de convenções partidárias - entre 20 de julho e 5 de agosto -, eventos tradicionais do lançamento de candidatos. "Legendas, federações e coligações têm até 15 de agosto para solicitar o registro de candidatura dos escolhidos", diz o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Vereadores não precisam renunciar ao cargo para disputar a eleição.
Vereadores que devem se candidatar em 2022, com o respectivo cargo de disputa:
Álvaro Damião (União) - Deputado federal
Bella Gonçalves (Psol) - Deputada federal
Bim da Ambulância (Avante) - Deputado estadual
Duda Salabert (PDT) - Deputada federal
Ciro Pereira (PTB) - Deputado estadual
Dr. Célio Frois (Cidadania) - Deputado estadual
Flávia Borja (Avante) - Deputada estadual
Hélio da Farmácia (PSD) - Deputado estadual
Irlan Melo (Patriota) - Deputado federal
Iza Lourença (Psol) - Deputada federal
Juninho Los Hermanos (Avante) - Deputado federal
Léo Burguês (União) - Deputado federal
Macaé Evaristo (PT) - Deputada estadual
Marcos Crispim (PSC) - Deputado estadual
Miltinho CGE (PDT) - Deputado federal
Nely Aquino (Podemos) - Deputada federal
Nikolas Ferreira (PL) - Deputado federal
Reinaldo Gomes Preto Sacolão (MDB) - Deputado estadual
Rogério Alkimim (PMN) - Deputado estadual
Rubão (PP) - Deputado estadual
Walter Tosta (PL) - Deputado federal
Wesley Autoescola (PP) - Deputado estadual
Wilsinho da Tabu (PP) - Deputado estadual
Guilherme Peixoto colaborou para esta reportagem