Jornal Estado de Minas

QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA

'O aborto existe, por mais que a lei proiba', reitera Lula; veja vídeo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a falar sobre o aborto nesta quinta-feira (7). Durante entrevista à Rádio Jangadeiro Bandews, de Fortaleza (CE), o petista reiterou o posicionamento apresentado durante evento na última quarta-feira (6), quando defendeu formas seguras para a interrupção da gestação.





“A única coisa que eu deixei de falar na fala que eu disse é que eu sou contra o aborto, eu tenho cico filhos, oito netos e uma bisneta, sou contra o aborto. O que eu disse é o seguinte: é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública”, disse o atual líder nas pesquisas para a eleição presidencial deste ano.

Lula disse não entender a repercussão de seu posicionamento a respeito do tema e afirmou que a defesa do aborto seguro e com acompanhamento do sistema público de saúde é uma questão de ‘bom senso’.

“Ele (o aborto) existe, por mais que a lei proíba, por mais que a religião não goste, ele existe e muitas mulheres são vítimas disso no Ceará, em Pernambuco, em São Paulo. Olha então, na medida em que a pessoa esteja num processo de aborto, a pessoa tem que receber do Estado, com muita dignidade, um atendimento. Foi isso que eu falei”, explicou.





O ex-presidente voltou a relacionar o aborto à desigualdade social. Em sua fala, Lula disse que mulheres mais ricas têm condições de interromper a gravidez em clínicas estruturadas e até fora do Brasil, enquanto as mais pobres usam técnicas rudimentares e perigosas, como a tentativa de perfurar o útero com agulhas de tricô.

No Brasil, o aborto é considerado crime contra a vida humana e prevê prisão de um a três anos. A prática é legalizada apenas quando a gravidez representa risco à vida da gestante, for resultado de estupro ou quando o feto for anencefálico, ou seja, não possui cérebro.

A clandestinidade dificulta a coleta de dados seguros sobre o tema no Brasil. Uma pesquisa publicada em 2020 nos Cadernos de Saúde Pública, revista da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que, entre 2006 e 2015, 770 mulheres morreram em decorrência de complicações no aborto. 





Segundo a pesquisa, negras, indígenas, moradoras de regiões distantes dos grandes centros e adolescentes menores de 14 anos são os grupos mais afetados por abortos realizados de forma clandestina.

As falas do líder petista repercutiram nos últimos dias e seguem como um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. No Twitter, Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal por São Paulo e filho do atual presidente, citou a fala de Lula e questionou sua religiosidade.
 
 
 
Veja o vídeo do momento em que Lula reitera seu posicionamento sobre o aborto: