Brasília – O PSB indicou ontem o recém-filiado Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, para vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida presidencial. O evento foi realizado em hotel na zona sul de São Paulo, na manhã de ontem, com a presença dos presidentes do PSB e do PT, Carlos Siqueira e Gleisi Hoffmann, respectivamente. Lula chamou Alckmin de “companheiro” durante seu discurso: “Você me chama de companheiro Lula e eu te chamo de companheiro Alckmin”, disse. A oficialização da chapa, entretanto, ainda depende da aprovação das convenções nacionais do PT e do PSB.
Críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e justificativas para a aliança pautaram os discursos de Lula e de Alckmin. Sem citar o nome do principal adversário na disputa eleitoral, Lula e Alckmin fizeram menção ao presidente e, ainda, às disputas eleitorais no passado – a partir da redemocratização do país, em 1985, quando, em 1989, PT e PSDB, partido no qual Alckmin até recentemente estava filiado, eram adversários.
O petista, que lidera as pesquisas de intenção de votos, destacou que a possível fazer a composição com Alckmin pela democracia e pela recuperação econômica do país. “Eu esperava que, em 2022, o Brasil fosse ser mais parecido com a França”, afirmou. Ele destacou que mesmo durante as eleições polarizadas entre PT e PSDB (legenda de Alckmin por 33 anos), a corrida tinha outro tom. “Era uma política civilizada. A gente terminava um comício em qualquer lugar do país. Entrava em um restaurante. Estavam pessoas com camisa do PSDB, nos cumprimentávamos. Hoje isso não é possível”, afirmou.
“Tenho certeza de que o PT irá aprovar o seu nome como candidato a vice. Já fui adversário do Alckmin, de José Serra, FHC [Fernando Henrique Cardoso], e nunca nos desrespeitamos. O tratamento sempre foi respeitoso, civilizado, dentro daquilo que a democracia e os bons modos do humanismo exigem que as pessoas façam”, continuou Lula. Em uma aceno para grupos econômicos e para seu eleitorado mais popular, o ex-presidente reforçou: “Vamos tratar com o mesmo respeito um catador de papel e um empresário da maior empresa deste país".
Alckmin abriu o seu discurso afirmando que o cenário pede agora “somar esforços para a reconstrução de nosso país”. E emendou: “Não é hora de egoísmo, mas de generosidade, de união. Política não é um ato solidário. Quero somar esforços a Lula”. Sobre Bolsonaro, Alckmin disparou: “É um governo (de Bolsonaro) que atenta contra a democracia e as instituições. O resultado é a violência, a fome e a miséria e 30% de desemprego entre jovens”, enumerou o ex-governador.
BOLSONARO IRONIZA
O presidente Jair Bolsonaro (PL) ironizou a chapa formada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin para disputar a Presidência da República. O chefe do Executivo compartilhou tuíte ontem em que Lula e Alckmin aparecem se cumprimentando, sorridentes.
“Nossa vontade é de reconstruir o Brasil. A partir de agora é companheiro Alckmin e companheiro Lula”, diz o texto da legenda. Bolsonaro então comentou com uma larga risada traduzida por “Kkkkkkkkkkkkkk”.