Brasília –A janela partidária reposicionou a classe política nas legendas sem risco de punição pela Justiça Eleitoral para quem mudou de sigla. E deixou mais claro, para quem vai disputar as eleições, como serão formados os palanques estaduais em relação às alianças para a disputa presidencial.
Na comparação com a eleição de 2018, há uma diferença clara: os palanques ligados ao presidente Jair Bolsonaro ficaram mais robustos e mais próximos da política tradicional. Bem diferente das eleições passadas, quando o atual presidente era candidato com discurso antipolítica.
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Em tom de campanha, Bolsonaro volta a criticar medidas para conter COVID-19Bolsonaro: 'Não podemos deixar que dois ou três queiram impor ditadura'Pela 1ª vez, corrupção é mais relacionada a Bolsonaro do que a Lula Palanques estão sendo montados com Lula e Alckmin, Bolsonaro e Braga NettoBolsonaro cobra Moraes por declarações 'antidemocráticas' de LulaCruzando as pesquisas de opinião com o rearranjo político da janela eleitoral, é possível vislumbrar cenários bem mais consolidados de apoio ao presidente, cuja popularidade cresce nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, mas enfrenta dificuldades no Nordeste, majoritariamente favorável ao provável candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Minas e no Rio de Janeiro, Bolsonaro está montando palanques que podem atrapalhar a vida dos favoritos nas pesquisas. Ministros bem-avaliados foram instados a entrar na disputa eleitoral, a máquina de propaganda governamental opera em ritmo intenso e um “pacote de bondades” para o eleitor vem sendo desembrulhado à medida que o staff político do presidente identifica alguma oportunidade de conquistar votos.
Em Minas e no Rio de Janeiro, Bolsonaro está montando palanques que podem atrapalhar a vida dos favoritos nas pesquisas. Ministros bem-avaliados foram instados a entrar na disputa eleitoral, a máquina de propaganda governamental opera em ritmo intenso e um “pacote de bondades” para o eleitor vem sendo desembrulhado à medida que o staff político do presidente identifica alguma oportunidade de conquistar votos.
Para o ex-ministro da Cidadania João Roma (Republicanos), que vai concorrer ao governo da Bahia, as eleições gerais sempre começam a ser definidas pela disputa à Presidência da República.
Na outra eleição (2018), Bolsonaro era avulso, poucos acreditavam que ele ganharia, mas, agora, é o presidente em reeleição. Ocupou esse espaço e os palanques regionais robustecidos mostram isso”, disse o ex-ministro ao Correio Braziliense/Estado de Minas.
Para ele, o maior crescimento da bancada do PL e o fortalecimento do PP e do Republicanos “mostram uma tendência, percebida pelo próprio Parlamento, de um vetor de força para a reeleição do presidente Bolsonaro”.
Na outra eleição (2018), Bolsonaro era avulso, poucos acreditavam que ele ganharia, mas, agora, é o presidente em reeleição. Ocupou esse espaço e os palanques regionais robustecidos mostram isso”, disse o ex-ministro ao Correio Braziliense/Estado de Minas.
Para ele, o maior crescimento da bancada do PL e o fortalecimento do PP e do Republicanos “mostram uma tendência, percebida pelo próprio Parlamento, de um vetor de força para a reeleição do presidente Bolsonaro”.
Na Bahia, com a bandeira do bolsonarismo, Roma vai tentar atrapalhar a vida das duas forças dominantes no estado: o PT e o União Brasil (com a ala do antigo DEM, ligada ao cacique ACM Neto). “Vemos a Bahia desconectada, o PT de um lado, ACM Neto sem vinculação nacional (de outro), e eu vinculado ao presidente Bolsonaro querendo mostrar esse novo caminho pra Bahia”.
Nomes como o de Roma ou de Anderson Ferreira (PL), ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE) e pré-candidato do PL ao governo do Pernambuco, são construções políticas montadas com a ajuda dos caciques do Centrão para alterar a correlação de forças nos estados nordestinos, onde as pesquisas de opinião registram as maiores taxas de rejeição ao governo Bolsonaro e amplo favoritismo para Lula.
No caso pernambucano, Ferreira entra na disputa fazendo chapa com o ex-ministro do Turismo Gilson Machado como candidato ao Senado. Em Pernambuco, a principal força política é o PSB, que dará um dos dois palanques que o candidato petista terá no estado – o outro será o da candidata do Cidadania, Marília Arraes, que rompeu com o PT.
No caso pernambucano, Ferreira entra na disputa fazendo chapa com o ex-ministro do Turismo Gilson Machado como candidato ao Senado. Em Pernambuco, a principal força política é o PSB, que dará um dos dois palanques que o candidato petista terá no estado – o outro será o da candidata do Cidadania, Marília Arraes, que rompeu com o PT.
“A maior parte dos diretórios abertos está no Sul e no Sudeste. Sobre o Nordeste, aguardamos ainda a consolidação dos dados. Porém, vale explicar: há 226 diretórios, 100 prontos para operar com equipes e 126 com dificuldade de se manterem por falta de pessoal, principalmente no interior. Hoje, com a vinda do Bolsonaro, isso mudou, podemos escolher”, disse o líder do PL na Câmara, deputado Capitão Augusto.
Se no Nordeste a situação do bolsonarismo está longe de ser confortável, no Sul do país o presidente leva boa vantagem em relação ao seu principal oponente.
No Rio Grande do Sul, dois palanques estarão à disposição de Bolsonaro: o do ex-ministro do Trabalho e Previdência Onyx Lorenzoni, pelo PL, e o do senador Luís Carlos Heinze (PP) conta com o apoio do PTB.
Lula terá o palanque do deputado estadual Edegar Pretto (PT), que espera ter o reforço da ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB). Em Santa Catarina e no Paraná, os candidatos ligados ao bolsonarismo seguem como favoritos diante dos nomes ligados à esquerda.
No Rio Grande do Sul, dois palanques estarão à disposição de Bolsonaro: o do ex-ministro do Trabalho e Previdência Onyx Lorenzoni, pelo PL, e o do senador Luís Carlos Heinze (PP) conta com o apoio do PTB.
Lula terá o palanque do deputado estadual Edegar Pretto (PT), que espera ter o reforço da ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB). Em Santa Catarina e no Paraná, os candidatos ligados ao bolsonarismo seguem como favoritos diante dos nomes ligados à esquerda.
No Norte e no Centro-Oeste, Bolsonaro também terá palanques amistosos, principalmente de atuais governadores que tentam a reeleição, como Ronaldo Caiado (União), em Goiás, Ibaneis Rocha (MDB), no DF, e Wilson Lima (União), no Amazonas. No caso do DF, Ibaneis espera o reforço da ex-secretária de Governo de Bolsonaro Fávia Arruda (PL) como candidata ao Senado. Lula terá os palanques da esquerda, cujos pré-candidatos não despontam entre os favoritos, de acordo com as pesquisas.
SUDESTE
A região decisiva continua sendo o Sudeste, que reúne a maioria do eleitorado brasileiro. No Rio de Janeiro, Bolsonaro terá o apoio automático do governador Cláudio Castro (PL). Lula, por sua vez, terá o palanque de Marcelo Freixo (PSB).
Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o resultado da janela partidária “assustou a oposição”. Mesmo com Lula liderando as pesquisas de opinião, o troca-troca partidário reforçou a base eleitoral do pai. “Ao meu ver, nem a oposição acredita nas pesquisas. A verdade é que há mais eleitores para Bolsonaro do que se espera, e a eleição vai provar.”
Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, a disputa está entre o governador Romeu Zema (Novo) e o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD). O primeiro apoiou Bolsonaro na eleição passada, mas, agora, anda meio distante do presidente, que escalou o senador Carlos Viana (PL) como candidato do partido ao governo do estado. Kalil, por sua vez, pode fechar aliança com Lula. Em São Paulo, Bolsonaro escalou o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) para disputar o governo do estado.
Novas críticas indiretas ao STF
Brasília – Em viagem ao Paraná, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar, ontem, sobre pessoas que, supostamente, querem implantar um regime ditatorial no Brasil. O presidente da República participou de exposição agropecuária em Londrina, na noite de sexta-feira, e de uma missa na cidade de Bandeirantes, no norte do estado, na manhã de ontem.
"Alguns, até no próprio governo, falavam que, se desse problema aqui, iriam para fora. Até naquele país mais ao norte está ficando complicado viver. Aqui é nossa terra. Não podemos deixar que duas ou três pessoas queiram impor uma ditadura no Brasil", disse ele, sem citar o ministro Alexandre de Moraes, que tem sido alvo frequente de suas críticas.
"Alguns, até no próprio governo, falavam que, se desse problema aqui, iriam para fora. Até naquele país mais ao norte está ficando complicado viver. Aqui é nossa terra. Não podemos deixar que duas ou três pessoas queiram impor uma ditadura no Brasil", disse ele, sem citar o ministro Alexandre de Moraes, que tem sido alvo frequente de suas críticas.
Bolsonaro é investigado em inquérito no Supremo Tribunal Federal por divulgação de fake news, e o relator é Alexandre de Moraes. No dia 1º deste mês, ele mandou o magistrado “calar a boca” e “não encher o saco”, também sem citá-lo.
"Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros! Como atrapalham o Brasil", bradou, à época. Em fevereiro, o presidente já havia criticado o Judiciário de forma semelhante ao afirmar que o país enfrenta “ditadura de canetas”.
"Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros! Como atrapalham o Brasil", bradou, à época. Em fevereiro, o presidente já havia criticado o Judiciário de forma semelhante ao afirmar que o país enfrenta “ditadura de canetas”.
No Paraná, ontem, o presidente chegou a participar da missa no Santuário São Miguel Arcanjo lendo um dos ritos da celebração. De Andirá, cidade próxima a Bandeirantes, partiu uma motociata para saudá-lo. "Aqui é uma terra maravilhosa. Ninguém tem o que nós temos no mundo todo. Aqui é nossa terra. É recuperar isso aqui e 'tocar o barco'", falou, aos apoiadores do Sul do país.
Durante um trecho do bate-papo, o presidente listou ações de seu governo em prol do homem do campo, como a possibilidade de ruralistas portarem armas de fogo em toda a extensão de suas propriedades – e não mais apenas nas sedes das fazendas.
"A locomotiva da nossa economia está no campo, que não parou durante a pandemia. A cidade, em grande parte, parou", pontuou.
"A locomotiva da nossa economia está no campo, que não parou durante a pandemia. A cidade, em grande parte, parou", pontuou.
Houve tempo, também, para Bolsonaro relembrar a visita a Vladimir Putin, presidente da Rússia. O encontro de fevereiro, que serviu para os dois líderes debaterem a exportação de fertilizantes, ocorreu uma semana antes de os russos iniciarem a invasão à vizinha Ucrânia. Segundo o presidente da República, o problema da inflação, que bateu recorde em março e chegou a 11,3%, não é exclusividade do Brasil.
"O mundo todo, agora, está em uma grande inflação de alimentos, fruto do pós-pandemia, do 'fique em casa, a economia a gente vê depois' e, também, da guerra entre Ucrânia e Rússia. O Brasil desponta, no momento, como o melhor país para investimentos. Lá fora, inclusive, já começa o desabastecimento".
Bolsonaro estava acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, pelo ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e pelo governador do estado, Ratinho Júnior. A comitiva presidencial retornou para Brasília ontem à tarde.
O presidente cumpriu agenda com vários compromissos na Região Sul. Esteve também em Passo Fundo (RS), para inaugurar obras do aeroporto regional, e esteve em Bagé (RS) para a entrega de obras da unidade de radioterapia do Hospital do Câncer. Antes, foi a Pelotas, no mesmo estado, para a entrega da obra de duplicação do contorno rodoviário da cidade, nas BRs-116/392.
O presidente cumpriu agenda com vários compromissos na Região Sul. Esteve também em Passo Fundo (RS), para inaugurar obras do aeroporto regional, e esteve em Bagé (RS) para a entrega de obras da unidade de radioterapia do Hospital do Câncer. Antes, foi a Pelotas, no mesmo estado, para a entrega da obra de duplicação do contorno rodoviário da cidade, nas BRs-116/392.
CORRUPÇÃO
A Pesquisa semanal Modalmais/AP Exata revelou que, nos primeiros dias de abril, o tema “corrupção” foi o mais falado em mensagens do Twitter, que mencionam Bolsonaro, chegando a 21,3%. O percentual também é, pela primeira vez, maior que os posts relacionados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que no mesmo período teve 20,8% de menções associadas à palavra.
Segundo o levantamento, os tópicos começaram com as denúncias relacionadas ao ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, sobretudo ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ainda em março.
Depois do escândalo, outras questões foram aparecendo, como superfaturamento na compra de ônibus escolares e até mesmo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os casos.
Após isso, já na última semana, a irmã do ex-PM assassinado Adriano da Nóbrega acusou o Palácio do Planalto de barganhar cargos para quem executasse o policial. A oposição também voltou a falar sobre as mansões de Flávio e Renan Bolsonaro — casos sensíveis para a imagem do presidente.
Depois do escândalo, outras questões foram aparecendo, como superfaturamento na compra de ônibus escolares e até mesmo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os casos.
Após isso, já na última semana, a irmã do ex-PM assassinado Adriano da Nóbrega acusou o Palácio do Planalto de barganhar cargos para quem executasse o policial. A oposição também voltou a falar sobre as mansões de Flávio e Renan Bolsonaro — casos sensíveis para a imagem do presidente.
“No entanto, como não houve denúncias relacionando nomes, nem detenções, os internautas fora da bolha de apoiadores não têm aderido a esse discurso e o assunto tende a crescer e pressionar Bolsonaro, para que apresente respostas mais convincentes e ações mais concretas em relação aos casos”, diz o texto.