Enquanto estuda formas de concretizar eventual aliança com Alexandre Kalil (PSD), o Partido dos Trabalhadores (PT) nutre a expectativa por apoio recíproco entre o pré-candidato ao governo mineiro pelo PSD e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tentará retornar ao Palácio do Planalto este ano para um terceiro mandato.
Embora lideranças petistas reconheçam o desejo de cerrar fileiras ao lado de Kalil para garantir palanque a Lula em Minas, é preciso garantir condições para a candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes ao Senado. O PSD deve lançar o senador Alexandre Silveira à reeleição e, por isso, o PT cogita dar apoio informal ao ex-prefeito de Belo Horizonte.
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PT e PSB devem caminhar juntos para apoiar Kalil ao governo de MinasPT tenta reagir ao crescimento de Bolsonaro nas pesquisas eleitoraisPT entrará com representação na Câmara contra deputado por ameaça a LulaMoro sobre troca de domicílio: 'SP é meu hub'Aliados de Kalil acreditam que, por lealdade, ele não vai abrir mão de ter Silveira como candidato oficial ao Senado na chapa. Além de parlamentar, ele é o presidente do PSD em Minas. O PT, por sua vez, entende que a participação de Reginaldo Lopes na corrida pelo Senado é fundamental para fortalecer a tática eleitoral de Lula no estado.
Os petistas, que caminham para formar uma federação ao lado de PCdoB e PV, esperam o resultado de consultas à Justiça Eleitoral sobre a possibilidade de uma mesma chapa lançar dois candidatos ao Senado. Se houver sinalização positiva, o caminho para uma coalizão oficial ao lado do PSD supera parte dos obstáculos.
O deputado estadual Cristiano Silveira, presidente do diretório do PT em Minas, diz que a legenda está em compasso de espera. “Temos a expectativa de que se consolide o apoio recíproco de Lula a Kalil e de Kalil a Lula. Com esse novo formato, é possível que o PSD lance seu candidato, que é Alexandre Silveira, e o PT lance seu candidato, que é o deputado Reginaldo Lopes”, afirma o dirigente, ao Estado de Minas.
“O entendimento da Justiça pode ser de que é possível uma aliança formal. Se o entendimento for de que não é possível , daremos apoio informal a Kalil — e ele dará o apoio a Lula. E faremos a campanha ao Senado para Reginaldo, que é o candidato da federação”, diz também Cristiano Silveira.
FEDERAÇÃO À ESQUERDA
Em meio aos debates sobre o caminho do PT em Minas Gerais nestas eleições, os olhos se voltam, também, rumo às conversas nacionais para a concretização da federação à esquerda. A união a verdes e comunistas precisa ser sacramentada até 31 de maio. Depois, entre julho e agosto, haverá período para que os partidos se reúnam para definir oficialmente os rumos eleitorais. “Ainda há muita discussão e conversa a ser feita até o momento das convenções”, afirma Cristiano Silveira.
O deputado estadual Agostinho Patrus, favorito para ser o vice de Kalil, tem origem política, justamente, na federação partidária. Presidente da Assembleia Legislativa, ele estava no PV até a semana passada. Na reta final da janela de trocas, no entanto, se filiou ao PSD. A saída de Agostinho do radar formal da coalizão é um movimento que pode facilitar o apoio informal do PT a Kalil — na esteira dos planos de garantir Reginaldo Lopes na disputa pelo Senado.
A possível participação de Agostinho na campanha eleitoral como o vice-candidato de Kalil, aliás, é bem-vista pelo PT. Interlocutores ligados à Assembleia costumam citar recorrentemente a boa relação entre ele e os deputados petistas. “A federação já tinha Agostinho como nome . Mesmo não estando na federação, acolhemos sem dificuldade”, corrobora Cristiano.
Certos de que terão Reginaldo Lopes como nome na disputa pelo Senado, os petistas pretendem lançar oficialmente a pré-candidatura dele em 13 de maio, em Belo Horizonte. A ideia é ter a presença de Lula. A participação do líder, entretanto, vai depender de espaço na agenda. "O único pedido do PT é a candidatura ao Senado. Sou o pré-candidato do presidente Lula e dos mineiros", disse Reginaldo na semana passada.
“Maturidade” para atrair voto
Apesar de os rumos do PT — e, consequentemente, de PV e PCdoB — em Minas Gerais não estarem definidos, tem crescido a percepção de que a união ao pré-candidato do PSD ao governo do estado, Alexandre Kalil, é opção válida para tentar atrair votos para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial.
O ex-governador Fernando Pimentel é um dos que encampam a bandeira. “Não há por que não estarmos juntos. O PT de Minas tem que ter maturidade necessária para fazer essa conjugação de forças, e sob a liderança do presidente Lula realizar uma grande aliança para tirar do poder essa força retrógrada que está em Brasília e que está levando o país para o abismo”.
O ex-governador Fernando Pimentel é um dos que encampam a bandeira. “Não há por que não estarmos juntos. O PT de Minas tem que ter maturidade necessária para fazer essa conjugação de forças, e sob a liderança do presidente Lula realizar uma grande aliança para tirar do poder essa força retrógrada que está em Brasília e que está levando o país para o abismo”.
Kalil e Lula têm emitido gestos mútuos de simpatia. Em março, o então prefeito da capital mineira teceu elogios ao ex-presidente. “Vai ser um prazer conversar com todo mundo, principalmente com o presidente Lula, que está liderando as pesquisas e tem um histórico de uma posição social muito clara”, pontuou, mas de forma breve, para logo em seguida mudar o rumo da conversa para questões ligadas a Belo Horizonte.
O petista, por sua vez, também cobra “maturidade” ao partido. "Em Minas Gerais, com quem podemos fazer coligação é com o Kalil”, disse ele em entrevista recente. Em dezembro do ano passado, Lula chegou a receber em terras paulistas o ex-deputado Adalclever Lopes (PSD), ex-secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte e articulador político de Kalil. À época, Adalclever chamou o bate-papo de “encontro de amigos”.
Kalil inicia visitas a lideranças políticas no interior do estado
Desde 25 de março, quando completou 63 anos e renunciou oficialmente à Prefeitura de Belo Horizonte para concorrer ao governo de Minas, Alexandre Kalil não tem feito aparições públicas.
A única agenda amplamente divulgada ocorreu no início deste mês, quando ele foi a Brasília se reunir com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional.
Ao lado deles estavam o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), candidato à reeleição este ano, e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Agostinho Patrus (PSD-MG), provável candidato a vice na chapa de Kalil.
A única agenda amplamente divulgada ocorreu no início deste mês, quando ele foi a Brasília se reunir com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional.
Ao lado deles estavam o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), candidato à reeleição este ano, e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Agostinho Patrus (PSD-MG), provável candidato a vice na chapa de Kalil.
No discurso de despedida do poder Executivo municipal, Kalil prometeu “rodar” o estado para impulsionar a ideia de chegar ao Palácio Tiradentes. As viagens oficiais ainda não começaram e, segundo a equipe do ex-prefeito, não há previsão de data dos primeiros deslocamentos.
Apesar disso, o Estado de Minas apurou que, informalmente, Kalil tem cumprido roteiro com visitas a lideranças do estado. As conversas são com pessoas vistas como importantes para fortalecer a campanha e aumentar os apoios.
Apesar disso, o Estado de Minas apurou que, informalmente, Kalil tem cumprido roteiro com visitas a lideranças do estado. As conversas são com pessoas vistas como importantes para fortalecer a campanha e aumentar os apoios.
Neste momento, Kalil tem a sinalização de dois partidos simpáticos a compor a coligação. Um deles é o Democracia Cristã (DC), antigo componente de sua rede de apoios; o outro é o PSB, que chegou a tentar atraí-lo à sigla. Mesmo assim, os pessebistas vislumbram oficializar, mais adiante, o apoio ao ex-prefeito da capital mineira.‘