A primeira propaganda audiovisual de Alexandre Kalil (PSD) como pré-candidato ao governo mineiro tenta aproximar o governador Romeu Zema (Novo) ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Na gravação, que foi ao ar na rede aberta de televisão ontem, o ex-prefeito de Belo Horizonte chama o chefe do Executivo estadual de "capacho" do presidente da República. "Gasolina a R$ 8, a inflação na Lua; e um governo capacho do Bolsonaro e da sua família. Aqui em Minas, não", diz Kalil em trecho do vídeo.
A aparição de Kalil dura meio minuto. A gravação compõe o lote de inserções televisivas utilizadas pelo PSD para divulgar as ideias da legenda. Desde fevereiro, partidos têm se revezado nos intervalos comerciais das emissoras. Além da busca por estabelecer conexão entre Zema e Bolsonaro, Kalil usa o tempo de televisão para marcar posição contrária.
"Em Belo Horizonte, eu e meu partido, o PSD, fizemos tudo diferente de Zema e Bolsonaro. Aqui, gente vale mais que número, verdade vale mais que mentira e vacina vale mais que cloroquina. Foi assim em BH. E vai ser assim em Minas", afirma. A propaganda tem, ainda, manchetes de jornais que, na visão de Kalil, reforçam o laço entre os governos estadual e federal. Um dos recortes trata do dia em que Zema retirou a máscara após pedido de Bolsonaro na cerimônia que anunciou a expansão do metrô de BH. Em Minas, o palanque oficial do presidente é o do senador Carlos Viana, que se filiou ao PL para ser o pré-candidato ao Palácio Tiradentes a ter o aval do capitão reformado.
Embora o entorno de Kalil discutisse a pré-candidatura há algum tempo, ele só falou publicamente sobre a possibilidade de disputar o Palácio Tiradentes em 25 de março, quando renunciou ao cargo de prefeito belo-horizontino. As primeiras semanas da pré-campanha do pessedista foram marcadas por reuniões de alinhamento e, como mostrou o Estado de Minas, por viagens informais para encontros lideranças do interior. As conversas são com pessoas vistas como importantes para fortalecer a campanha e aumentar os apoios.
Desde o fim do mês passado, a única agenda pública de Kalil foi em Brasília. Ele esteve na capital federal para conversar com o correligionário Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional. No momento, pelo menos dois partidos se mostram dispostos a compor formalmente a coligação de Kalil: o Democracia Cristã (DC), que caminha com ele há algum tempo, e o PSB. Os socialistas tentaram a filiação do ex-presidente do Atlético na reta final da janela partidária, mas não conseguiram. Mesmo com o insucesso, querem estar na coalizão.
O PT, por sua vez, ainda debate as circunstâncias do apoio a Kalil. Lideranças da agremiação defendem a união como forma de impulsionar a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, mas há impasse sobre os moldes do acordo. Os petistas querem lançar o deputado Reginaldo Lopes ao Senado, enquanto o partido de Kalil deseja buscar a reeleição do senador Alexandre Silveira. Paralelamente, há incerteza sobre a possibilidade de haver dois candidatos a um mesmo cargo em uma única chapa. O apoio informal do PT ao ex-prefeito poderia solucionar a questão.
Foram feitas consultas à Justiça Eleitoral sobre a possibilidade de uma coligação apostar em dois nomes ao Senado. O entendimento dos envolvidos nas tratativas é que, se houver aceno positivo da corte, um dos empecilhos para a formalização da aliança Lula-Kalil estará superado. Em que pese as incertezas sobre o modelo da eventual união ao PT, Kalil já definiu que quer o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PSD), como candidato a vice. Recentemente, o deputado estadual deixou o PV para ingressar na legenda do amigo. Agostinho é adversário político de Zema. Nesta semana, o governador disse que o parlamentar é "pessoa altamente nociva", e foi chamado de "incapaz".
“OBRIGAÇÃO”
O senador Alexandre Silveira também vai protagonizar uma das inserções produzidas pelo PSD mineiro. Em seus 30 segundos, ele conta que, antes de substituir Antonio Anastasia, exerceu outros cargos públicos e faz breve resumo de sua atuação parlamentar desde que assumiu assento no Congresso. "Estou fazendo minha obrigação. Não quero elogio. Saiba que tem um senador preparado para brigar pelas mineiras e mineiros", assinala.