Aécio é defensor público da candidatura do também tucano Eduardo Leite. Em novembro último, porém, o ex-governador do Rio Grande do Sul (RS) perdeu as prévias da legenda para João Doria, ex-governador paulista.
FHC e Temer também são entusiastas de uma candidatura capaz que quebrar a polarização entre petistas e bolsonaristas. O emedebista, aliás, é parte da ala de sua sigla que defende o nome da senadora Simone Tebet (MS).
Postulante à presidência em 2014, Aécio Neves tem cumprido agendas onde aproveita para falar sobre Eduardo Leite. No último dia 7, por exemplo, foi ao Rio de Janeiro (RJ) almoçar com o prefeito Eduardo Paes (PSD). Como mostrou o Estado de Minas à época, o gaúcho também é bem visto por Paes.
No fim de março, em entrevista ao Correio Braziliense, Aécio disse não acreditar no deslanche da pré-candidatura presidencial de Doria. "Acho que o PSDB terá condições de voltar a ser protagonista no momento em que seu candidato conseguir construir uma aliança. Vejo em Eduardo Leite aquele que tem condições de convergir forças que estão, hoje, dispersas e sem uma candidatura presidencial", afirmou.
"Não é possível que a gente continue com esse projeto natimorto, é preciso que haja desprendimento, inclusive do próprio governador Doria. Por que não disputar uma candidatura ao Senado ou à Câmara? Acho que ele faria muito bem a São Paulo e, talvez, até a sua própria trajetória", criticou o parlamentar.
Doria aparece com 6% das intenções de voto na mais recente pesquisa PoderData, divulgada na semana passada.
Problemas internos
Os tucanos mineiros são, em ampla maioria, favoráveis à candidatura de Eduardo Leite. No plano nacional, Doria encontra outros empecilhos. Prova disso é que, na semana passada, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, deixou a coordenação da pré-campanha do ex-governador e demonstrou alívio ao publicizar a saída.
"Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer. Aliás, ele [Doria] sabe as circunstâncias em que e o porque "aceitei" à época. Aliás, objetivo cumprido!", desabafou.
O comando do entorno de Doria passou a ser exercido por Marco Vinholi, presidente do tucanato paulista.
O PSDB firmou acordo com Cidadania, União Brasil e MDB para anunciar, em 18 de maio, um pré-candidato de consenso ao Palácio do Planalto. Além de João Doria, Eduardo Leite e Simone Tebet, outro nome levado à mesa de tratativas do grupo é o do deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente nacional do União.
Decisão nacional terá reflexos em Minas
Em Minas Gerais, o PSDB compõe a base aliada a Romeu Zema (Novo). O vice-governador, Paulo Brant, se filiou aos quadros tucanos no ano passado. Uma das possibilidades é o partido apoiar a reeleição, mas há defesa por candidatura própria ao Palácio Tiradentes.
Aécio Neves é, justamente, um dos que encampam a tese de palanque próprio tucano. Ele já chegou a citar o próprio Brant e o ex-deputado federal Marcus Pestana como nomes capazes de liderar eventual chapa.
"Minas Gerais merece mais. Merece uma terceira via, assim como o Brasil. E essa alternativa tem de vir do PSDB, porque temos experiência de gestão, quadros muito qualificados e coragem para tomar as decisões certas na hora certa", pontuou.
A defesa por um palanque próprio converge a uma espécie de "plano B" para um cenário em que Eduardo Leite consiga vencer a batalha interna ante Doria para, assim, emplacar a candidatura presidencial.
Na avaliação de interlocutores do PSDB em Minas, a hipótese de Leite em um projeto presidencial poderia facilitar uma união nacional do PSDB com o Novo - o que, automaticamente, tornaria Zema o candidato da coalizão em Minas.
Entretanto, num recorte em que a candidatura de Leite, o preferido dos mineiros, saia do papel, mas sem a aliança nacional com o Novo, existe a chance de o PSDB precisar montar uma chapa ao governo mineiro para dar fôlego ao gaúcho.