"Procurador, vamos investigar o bolsolão do MEC aí, procurador? Dar rolezinho em Paris é legal, e abrir processo, procurador? Ei, vamos lá investigar, procurador, ou vai continuar engavetando aí? Ei, vamos lá, procurador, fazer seu trabalho? E aí procurador, vai fazer seu trabalho? Vai abrir processo lá? Vamos investigar lá?", dizem um dos brasileiros, enquanto caminha pela rua seguindo Aras.
O procurador, visivelmente incomodado com o fato, vira para trás, e o brasileiro continua: "Bolsolão do MEC, vamos investigar pastor fazendo reunião, vamos investigar lá o Bolsonaro gastando milhões em Viagra no Exército. Cadê a investigação, procurador? Cadê a investigação, procurador? Em Paris não tem nada para encontrar não, pode deixar que a gente procura, tem que procurar lá em Brasília, procurador. Tudo por uma vaguinha no STF, né, tudo por uma vaguinha", até o fim da gravação.
Desde 2019, as Forças Armadas a compra de 35.320 comprimidos do medicamento conhecido como Viagra, utilizado também para tratamento de disfunção erétil. Os números constam no Portal da Transparência e no painel de preços do Governo Federal, compilados e divulgados no último mês pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).
Já o caso do MEC, que também veio à tona em março deste ano, diz respeito à suspeita de favorecimento de pastores na liberação de verbas para prefeituras. O escândalo, denunciado pelo Estadão, apontou a existência de um gabinete paralelo no MEC comandado pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, responsáveis por intermediar diretamente com o então ministro Milton Ribeiro a destinação dos recursos.
Nessa segunda-feira (18), Victor Godoy Veiga foi efetivado como ministro da Educação em substituição a Ribeiro, que deixou o posto no fim de março por conta dessas denúncias de propina e tráfico de influência. Nos dois casos citados pelos brasileiros, ainda não investigados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), houve sugestão de criação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso Nacional para maior apuração.