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Estado de Minas Eleições 2022

Maioria dos adolescentes quer votar neste ano

Enquete do Unicef e organização da sociedade civil Viração Educomunicação mostra que 9 em cada 10 jovens desejam ir às urnas


20/04/2022 04:00 - atualizado 20/04/2022 09:55

Projeto Rua de Direitos realizou 97 atendimentos ontem no Centro Pop Leste de acolhimento, em Belo Horizonte
Projeto Rua de Direitos realizou 97 atendimentos ontem no Centro Pop Leste de acolhimento, em Belo Horizonte (foto: TRE-MG/Divulgação)

Depois de uma campanha expressiva organizada por artistas e influenciadores, a maioria dos adolescentes brasileiros quer exercer o direito de voto em 2022. É o que aponta a enquete (*) organizada pelo Unicef e a organização da sociedade civil Viração Educomunicação divulgada ontem.

Faltando poucas semanas para terminar o prazo para tirar o título de eleitor, nove em cada 10 adolescentes afirmaram que o voto tem poder de transformar a realidade. Além disso, 64% afirmaram que vão votar este ano; 21% ainda não sabem se vão votar ou não; e 15% disseram que não vão votar.

“Democracia se faz com participação da sociedade civil. Em diversos países de todo o mundo, os jovens têm desempenhado um papel fundamental nas eleições e na construção de novos sonhos para o futuro do planeta”, disse Simone Nascimento, presidente da Viração Educomunicação.

Segundo a enquete, entre os que disseram que “não vão votar neste ano”, apenas 10% afirmam que, de fato, não querem votar. Outros 17% disseram que não conseguirão tirar o título de eleitor a tempo e 69% afirmaram não ter idade suficiente.

Entre quem disse não ter idade suficiente, havia adolescentes de 15 anos que não completariam 16 anos até outubro e não podem votar, mas também alguns de 15, 16 e 17 anos que poderiam votar, mas não tinham essa informação. De acordo com a Unicef, 3 mil adolescentes de 15 a 17 anos de todas as regiões do país participaram da consulta.

Campanha 

Em fevereiro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou a menor porcentagem de adolescentes de 16 e 17 anos com título de eleitor desde a conquista do direito ao voto para essa faixa etária na Constituição de 1988. De acordo com o órgão, pouco mais de 13% estavam aptos para votar nas eleições de 2022 naquele momento. Por isso, celebridades vêm incentivando adolescentes a tirarem o título de eleitor. A campanha teve início com a cantora Anitta, que se posicionou contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A mensagem da campanha encabeçada pelos influenciadores é “fazer a diferença” e retirar o poder de Bolsonaro por meio do voto dos jovens. Recentemente, os cantores Criolo, Gloria Groove, Emicida, Pabllo Vittar, a banda Fresno, Marcelo D2, Rael, Marina Sena e outros fizeram uma campanha intensa no festival Lollapalo-  oza contra as ações do governo e a favor da retirada do título de eleitor.

Além deles, vários influenciadores também vêm incentivando a campanha. Entre eles, o youtuber Felipe Neto, que já se envolveu em inúmeras polêmicas com a família do presidente Bolsonaro. Segundo o TSE, depois da campanha, o número de novos títulos de adolescentes de 15 a 17 anos passou de 199.667 em fevereiro para a marca de 290.783 em março, crescimento superior a 45%.

A enquete 

As enquetes do U-Report Brasil são realizadas virtualmente pelo WhatsApp, Telegram e Facebook Messenger, por meio de um chatbot. O projeto é desenvolvido pelo Unicef em parceria com a Viração Educomunicação e conta com mais de 140 mil adolescentes e jovens inscritos. Não se trata de pesquisas com rigor metodológico, mas de consultas rápidas por meio de redes sociais entre pessoas, principalmente adolescentes e jovens, que se cadastram na plataforma.

(*) Esta enquete apresenta a opinião de mais de 3,1 mil adolescentes de 15 a 17 anos e não pode ser generalizada para a população brasileira como um todo.

TRE regulariza título de moradores de rua

O projeto Rua de Direitos chegou a Belo Horizonte ontem. A ação aconteceu no Centro Pop Leste, unidade da prefeitura de acolhimento a moradores de rua, para fazer a 1ª via do título de eleitor e regularizar outros documentos. Foram 97 atendimentos conduzidos pelos funcionários do Foro Eleitoral de Belo Horizonte, organizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Para o juiz Carlos Donizetti Ferreira, diretor do Foro Eleitoral, a população de rua é invisível para a sociedade. “Os órgãos públicos têm a obrigação de se voltar para essa população e possibilitar o acesso aos seus direitos.(...) É uma forma que nós temos de levar a elas o direito e a capacidade de exercício da cidadania por meio do voto no próximo pleito”, avalia o magistrado.

Além da emissão e regularização do título de eleitor, também foram oferecidos serviços de emissão de documentos (como 2ª via de certidão de nascimento ou casamento); atendimento previdenciário e socioassistencial; atendimento psicológico e roda de conversa sobre direitos humanos e orientação e atendimento pela Defensoria Pública, Ministério Público, TJMG e outras instituições.

Nota técnica elaborada pelo Programa Polos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mostra que a população de rua em Belo Horizonte teve um aumento em 2021. Foi registrado um pico de 8.901 pessoas em situação de rua. À época da divulgação do levantamento, a Prefeitura de BH emitiu nota dizendo que são aproximadamente 2.500 moradores de rua na capital. De acordo com a pesquisa da UFMG, a pandemia agravou muito a situação, e o número de subnotificações tende a crescer cada vez mais. Em janeiro de 2022, a Prefeitura de Belo Horizonte passou a estimar em cerca de 4.600 as pessoas em situação de rua, porém, entidades sociais contra-argumentam, dizendo que esse número já chegou a 12 mil pessoas só na capital. O levantamento foi feito com base em dados do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

Cler Santos/Estagiária sob supervisão do subeditor Marcílio de Moraes



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