O Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, vai deixar a coalizão de oposição a Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa. A ideia, segundo apurou o Estado de Minas, é que os deputados estaduais do partido atuem como bancada independente - sem compor um dos blocos parlamentares da Casa.
O bloco antagônico a Zema é liderado pelo PT. O PL tem nove deputados e, tão logo saia do grupo, deixará a oposição com 16 deputados - número mínimo necessário para o funcionamento de uma coalizão na Assembleia. Os liberais estão colhendo as assinaturas de seus deputados para que possam formalizar, em um ofício à direção do Legislativo, o desejo de atuar como bancada. A mudança deve ser formalizada na próxima semana.
"O PL tem caminho diferente do PT. Não temos condições de ficar, na Assembleia, no mesmo bloco", disse, à reportagem, o ex-deputado José Santana, presidente do diretório liberal no estado.
Além dos petistas, a oposição tem, ainda, deputados da Rede, do Pros, do PCdoB e do PSB. Apesar de, na prática, ter deputados aliados a Zema, o PL compunha o grupo para facilitar o acesso a assentos em comissões temáticas da Assembleia e, também, a fim de garantir o número mínimo de componentes para a manutenção do bloco.
A inusitada "aliança" entre PT e PL passou a ser mais questionada quando os liberais ganharam os reforços de deputados bolsonaristas. Na janela para trocas de partido, a sigla recebeu sete parlamentares estaduais que caminham com o presidente e saltou para nove componentes, ao todo.
"Desde que me filiei ao PL, [a saída do bloco] é uma coisa que tenho cobrado do partido. É completamente incompatível o partido do presidente estar no mesmo bloco do PT", afirmou Bruno Engler, que deixou o PRTB para seguir os passos de Bolsonaro.
Segundo Léo Portela , outro deputado liberal na Assembleia, que já estava na sigla, a atuação da bancada deverá ser marcada pela "liberdade". Embora haja, na agremiação, parlamentares próximos a Zema e outros críticos do governo, como Sargento Rodrigues, há pontos de convergência.
"A unidade do partido em torno de Jair Bolsonaro é total", assegura.
Quem também chegou ao PL foi Bartô, deputado expulso do Novo no ano passado.
Bloco de Zema extinto
Ontem, o bloco parlamentar que reúne os partidos simpáticos a Zema foi desfeito por não ter, justamente, os 16 deputados necessários. A extinção ocorreu em virtude da mudança de Neilando Pimenta, que deixou o Podemos e ingressou no PSB. O Palácio Tiradentes, contudo, mantém no radar os parlamentares aliados.
"Os deputados que estão com o governo, vão continuar com o governo", garantiu o líder do Zema na Assembleia, Gustavo Valadares (PMN). "(O fim do bloco) não muda nada na relação do governo com os deputados", emendou. O período de trocas alterou a filiação de 26 dos 77 deputados mineiros.
O bloco governista na Assembleia levava o nome de Luiz Humberto Carneiro, deputado estadual do PSDB que morreu no ano passado, em virtude da COVID-19. O tucano foi o primeiro líder de Zema no Legislativo.
O Colégio de Líderes da Assembleia e o presidente Agostinho Patrus (PSD) devem se reunir em breve para tratar dos impactos que as novas filiações trarão aos trabalhos legislativos.