A 70ª cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, realizada em Ouro Preto na manhã de ontem, foi marcada justamente pela ausência das insígnias. Outra mudança foi a divisão do evento em dois momentos, sendo a homenagem aos agraciados feita dentro de um centro de convenções, somente com a presença de convidados e com mais policiamento que nos anos anteriores. A população, que tradicionalmente participa da cerimônia, não teve acesso ao novo local da maior honraria concedida pelo estado. Antes, foi realizada a cerimônia oficial de tiros, seguida pelo hasteamento da bandeira e a colocação de flores no monumento a Tiradentes, na praça de mesmo nome. O local também estava fechado para o público.
O governador Romeu Zema (Novo) fez discurso ressaltando o fim da pandemia e agradeceu aos profissionais que atuaram no combate à COVID. “Felizmente, hoje, esse cenário de guerra não existe mais. Em todos os momentos em que a humanidade se recupera de crises, há dois pontos essenciais que as pessoas anseiam retomar plenamente: paz e liberdade”, declarou. Essa foi a segunda vez que Zema participou da cerimônia, já que em 2020 e 2021 o evento foi cancelado em função da COVID.
Outras personalidades também participaram do evento, entre elas o prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo; o procurador-geral de Justiça do Estado de Minas, Jarbas Soares Junior; e o comandante da 4ª Região Militar, general de divisão Jorge Antonio Smicelato. O Dia da Inconfidência Mineira foi escolhido por causa da data da morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em 1792. Já a medalha foi criada em 1952, pelo então governador Juscelino Kubitschek e tem quatro designações: Grande Colar, Grande Medalha, Medalha de Honra e Medalha da Inconfidência.
Homenageado
Homenageado com o Grande Colar da Inconfidência, principal designação do evento, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), não compareceu à cerimônia. Na terça-feira, a assessoria do senador informou à reportagem do Estado de Minas que o parlamentar não participaria do evento por causa de uma viagem a Portugal.
A ausência de Pacheco acontece em meio ao possível apoio a Alexandre Kalil (PSD), seu colega de partido e principal adversário de Zema na eleição estadual. Ainda assim, o presidente do Senado foi elogiado pelo governador de Minas Gerais durante discurso feito no centro de convenções, em Ouro Preto.
“Ele não pôde participar desta homenagem presencialmente, mas fica registrado o nosso agradecimento à sua atuação. Um chefe de Poder que coloca os interesses dos mineiros e brasileiros acima dos seus interesses pessoais e políticos é o modelo de chefe de Poder em que todos os demais devem se espelhar”, declarou Zema.
Sem honraria
A celebração deste ano não contou com a tradicional entrega das medalhas por causa do curto prazo entre a confirmação do evento, em 4 de abril, e a data de realização.
''Em todos os momentos em que a humanidade se recupera de crises, há dois pontos essenciais que as pessoas anseiam retomar plenamente: paz e liberdade''
Romeu Zema (Novo), governador de Minas
O rito de entrega das medalhas manteve a presença dos Dragões da Inconfidência, mas sem a colocação dos exemplares no pescoço dos homenageados. “Diante desse cenário, somado à escassez de insumos também ocasionada pela pandemia, conforme explicado pelos fornecedores, a produção das medalhas ficou comprometida, de forma que os homenageados deverão recebê-las a posteriori”, explicou o governo.
Neste ano, foram 84 personalidades homenageadas, sendo uma com o Grande Colar, 17 com a Grande Medalha, 36 com a Medalha de Honra e 30 com a Medalha da Inconfidência.
Os 86 agraciados de 2020 também foram agraciados em 2022, totalizando 170 medalhas. Já em 2021 não houve indicados. Entre os escolhidos estão deputados estaduais, nomes do Judiciário e do Executivo, lideranças dos órgãos de segurança, jornalistas e professores.
Nomes ligados ao combate à pandemia na capital mineira também foram agraciados, como o ex-secretário de Saúde Jackson Machado e o médico Unaí Tupinambás, membro do antigo Comitê de Enfrentamento à COVID. A ideia é que as comendas sejam distribuídas em data posterior, na sede da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte.