O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) aponta que Alkimim se filiou ao PP no dia 16 deste mês. O ingresso dele é retroativo a 2 de abril.
"O vereador não é filiado ao partido. Sua desfiliação ocorreu sem a nossa anuência", disse o presidente estadual do PMN, Agnaldo Ratinho, que encaminhou à reportagem a certidão oficializando a entrada do ex-colega nas fileiras progressistas.
Os trâmites para reivindicar a vaga de Alkimim no Parlamento belo-horizontino serão conduzidos pela Executiva municipal do PMN, chefiada por Cleiton Xavier. A agremiação se ampara no fato de a janela de trocas ocorrida entre março e abril deste não prever mudanças partidárias de vereadores.
"Ele saiu sem dar uma justa causa, o que a legislação exige", afirmou Xavier, ao Estado de Minas. "Ele foi intempestivo no pedido [de desfiliação]", completou.
Alkimim foi eleito em 2020 com 6.061 votos. Se ele perder o mandato, a vaga fica, justamente, com Xavier - escolhido por 4.481 cidadãos no último pleito.
Vereador na mira da Polícia Civil
As suspeitas sobre Rogério Alkimim motivaram a abertura de um inquérito conduzido pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). A apuração, conduzida pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes (Decof), corre em sigilo, mas os advogados Mariel Marra e Thaís Otoni Fontella entregaram, à Câmara Municipal, dois pedidos de cassação do parlamentar. Os documentos detalham as acusações.
Mariel diz ter sido procurado por uma testemunha que resolveu denunciar o esquema de desvio de salários. Segundo o advogado, as supostas "rachadinhas", somadas, geram entre R$ 50 mil e R$ 60 mil ao mês. A lista de possíveis envolvidos tem um tio-avô de Alkimim, que receberia mais de R$ 11 mil ao mês como funcionário do gabinete. Efetivamente, porém, o homem só ficava com cerca de R$ 1 mil, tendo de devolver o restante.
Investigado, ainda, o uso de carros oficiais da Câmara para viagens pelo interior mineiro e o destacamento de funcionários do gabinete para realizar atividades da organização não-governamental (ONG) ligada ao vereador. No ano passado, o vereador chegou a indicar a ONG, batizada Raio de Luz, para receber emenda solicitada por seu mandato. A verba, no entanto, não chegou a ser paga. O caso foi revelado na semana passada pela "Rádio Itatiaia".
São citados, também, supostos "funcionários fantasma" lotados no gabinete do vereador. Segundo a denúncia, embora recebam vencimentos mensais, os servidores não dariam expediente na Câmara.
Interlocutores ouvidos pelo EM apontam a possibilidade de Alkimim ter ido ao PP como forma de tentar se proteger caso os pedidos de cassação prosperem e passem a tramitar na Câmara.
A reportagem procurou Alkimim para comentar as alegações do PMN, mas ainda não houve retorno. Ele foi acionado dois dias atrás para se defender das acusações, mas também não respondeu. O vereador cogita disputar, neste ano, a eleição para deputado estadual.