Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) se reúnem na manhã deste domingo, no feriado do Dia do Trabalhador, na Praça da Liberdade, para mais uma vez pedir a intervenção das Forças Armadas na solução dos conflitos do país.
A concentração teve início por volta das 9h e aos poucos reuniu cerca de 300 manifestantes. Os adeptos usaram faixas, cartazes e bandeiras verde-amarela para criticar as propostas da esquerda e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal adversário de Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto.
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"O STF é a instituição mais deplorável do Brasil. E aí, vão nos prender por crime de opinião também", questionou um dos inúmeros cartezes no local. "Agora em 2022: é Jair ou já era? PT nunca mais", ironizou uma outra mensagem fixada próxima a uma grande bandeira do Brasil colocada no coreto da praça.
Com a presença de um carro de som bem em frente ao Palácio da Liberdade, o ato começou com a execução do Hino Nacional e com uma oração professada pela coronel da Polícia Militar, Cláudia Romualdo. "Nenhum presidente se sacrificou tanto, quase foi à morte em nome da liberdade e do bem-estar dos brasileiros. Por isso, pedimos hoje a bênção para nosso Jair Bolsonaro", disse a militar, uma das organizadoras do evento.
Cláudia Romualdo disse que o ato procurou defender os ideias defendidos por Bolsonaro em seu governo: "É uma festa linda, da democracia e da liberdade. Estou ajudando a todos na organização para que tenhamos essa festa. Estamos em apoio ao nosso presidente Bolsonaro, em apoio às diversas ações que ele tem feito pelo país. Estamos aqui para buscar nossa liberdade. Um povo sem liberdade é um povo escravizado. Depois da vida, a liberdade é o bem mais precioso que temos. Comemoramos aqui o Dia do Trabalhador, porque o presidente foi um dos líderes em todo o mundo que lutou pelo trabalho".
Vários grupos políticos de extrema-direita da capital presenciaram o ato, como a Confraria Conservadora, Nação Verde-Amarela, Conservadores em Ação, Mães da Direita, Guardiões da Infância e da Juventude, Direita BH, Mulheres Avante Brasil e Movimento Pró-Brasil.
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Em todos os discursos do ato, os participantes exigiram respeito à Constituição Federal, pediram a saída dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Luiz Fux, e também defenderam o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses de prisão por tentativa de impedir o livre exercício dos poderes e ameaçar integrantes do próprio STF.
O trânsito não precisou ser desviado ou interrompido pela Polícia Militar, já que o ato se concentrou no interior da Praça da Liberdade. Alguns belo-horizontinos criaram atrito com os manifestantes ao gritar "Fora, Bolsonaro", irritando quem estava participando do movimento.
Reportagem do EM é hostilizada em ato
Durante a cobertura do ato na Praça da Liberdade, a reportagem do Estado de Minas foi hostilizada e agredida por dois apoiadores de Jair Bolsonaro. O fato ocorreu quando participantes do movimento expulsaram uma mulher que se manifestou contra o presidente da República em meio à multidão, próximo ao carro de som. Os mesmos manifestantes tentaram impedir a reportagem de registrar a cena, colocando as mãos na frente das lentes.
Alguns mais exaltados proferiram palavras de ameaça e intimadão, além de empurrar um dos jornalistas que participavam da cobertura do evento. Segundo ele, uma mulher presente no ato tentou tirar sua máscara de proteção contra a COVID, "para que todos gravassem seu rosto". Foi necessário que dois policiais militares que estavam de serviço garantissem a segurança da equipe até a chegada do carro de reportagem.