Jornal Estado de Minas

#PRAENTENDER

Vídeo explica como são feitas pesquisas eleitorais


A cada ano eleitoral, lá estão elas. As pesquisas eleitorais fazem parte do cenário político democrático em todo o mundo e servem de norte para campanhas políticas. Mas, como são feitas as pesquisas eleitorais e como são escolhidos os entrevistados? Fizemos este vídeo #PRAENTENDER o funcionamento delas, o que significa margem de erro e intervalo de confiança e destacamos ainda as diferenças entre pesquisa eleitoral e enquete.



Como funciona uma pesquisa amostral?

Ouvir a opinião de todas as milhões de pessoas que compõem o eleitorado brasileiro seria um processo muito caro e muito demorado. Para isso, as pesquisas ouvem uma pequena quantidade de pessoas dentro do grupo de eleitores, o que é chamado de pesquisa amostral.

Esse grupo ou universo, quando se trata de estatística, compreende o total de pessoas que a pesquisa busca representar. No caso de um levantamento de intenção de votos para presidente da República, o universo compreende os 147 milhões de eleitores aptos a votar para esse cargo.

As pesquisas eleitorais fazem parte do período pré-eleição e têm regras próprias (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)


Na hora de selecionar os participantes, os institutos de pesquisa precisam levar em consideração algumas características, como a diversidade do eleitorado. Por exemplo, as mulheres correspondem a 53% da população brasileira. Logo, uma pesquisa eleitoral não pode ter 70% dos entrevistados do gênero masculino e 30% do gênero feminino.



A legislação eleitoral exige que as seguintes características da população sejam consideradas durante as pesquisas: gênero, idade, grau de instrução e nível econômico. Algumas pesquisas vão além e buscam representar pessoas de diferentes raças e religiões proporcionalmente à participação desses grupos no eleitorado brasileiro.

Essa ponderação é necessária porque esses grupos do eleitorado podem tender a votar em candidatos diferentes.

Se uma pesquisa é feita apenas com pessoas de alto poder aquisitivo, o candidato X pode acabar liderando as intenções de voto. Essa não será a melhor representação da realidade, porque o número de eleitores com baixo poder aquisitivo é muito superior e essas pessoas podem tender a votar no candidato Y. Incluir esse grupo de eleitores pode mudar o resultado da pesquisa e o candidato X, que estava em primeiro lugar, pode perder posições entre os outros candidatos.

Margem de erro e intervalo de confiança

As pesquisas de opinião não ouvem todas as pessoas do seu universo amostral. Devido a isso, o resultado do levantamento pode conter algumas distorções. Para isso existe o intervalo de confiança.



Fila de votação no Rio de Janeiro, em 2018 (foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)


Nas pesquisas eleitorais realizadas no Brasil, geralmente esse número é de 95%. Isso significa que se essa mesma pesquisa for feita 100 vezes com entrevistados diferentes, o resultado deverá ser o mesmo em 95 vezes.

A margem de erro é calculada a partir do intervalo de confiança. Em uma pesquisa com margem de erro de 5 pontos percentuais, os resultados podem variar 2,5% para mais ou 2,5% para menos.

Se uma pesquisa que apresenta um candidato com 50% das intenções de voto for feita 100 vezes com entrevistados diferentes, em 95 vezes o resultado estará dentro da margem de erro - e as intenções de voto neste candidato iriam variar entre 47,5% e 52,5%.

Quanto mais pessoas forem entrevistadas, menor será a margem de erro. Porém, a partir de um determinado número de entrevistados, a margem de erro costuma variar muito pouco. É por isso que as pesquisas eleitorais para presidente costumam ser feitas com cerca de 2 mil eleitores.



Passo a passo para fazer uma pesquisa

Segundo Domilson Coelho, diretor-executivo da F5 Atualiza Dados, instituto que realiza levantamentos de opinião pública para o Estado de Minas, quando uma pesquisa é solicitada, um plano amostral é elaborado a partir do tamanho do universo e, então, definida a margem de erro, o intervalo de confiança, o tamanho do universo e a quantidade de pessoas entrevistadas.

" numa cidade de pequeno porte não vai entrevistar a mesma quantidade de pessoas que seria entrevistada no estado todo. Então, de acordo com o tamanho do universo que é determinado a margem de erro e a amostra que será aplicada naquela localidade", explica.

Legislação das pesquisas eleitorais

As pesquisas eleitorais não podem ser publicadas após o horário de abertura dos locais de votação. Os levantamentos conhecidos como “boca de urna”, feitos enquanto as votações ocorrem, só podem ser divulgados após o fechamento das urnas.



Uma resolução aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no fim de 2021 modificou regras de registro e divulgação das pesquisas de opinião pública sobre as eleições em 2022.

Entre as novidades, as pesquisas eleitorais devem ser registradas até cinco dias antes da sua divulgação no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle). O registro deve conter as seguintes informações:
  • Quem contratou a pesquisa e quem pagou
  • O valor e a origem dos recursos
  • Metodologia utilizada
  • O período de realização do levantamento
  • O questionário completo aplicado ou a ser aplicado
  • Nome do estatístico responsável pela pesquisa
  • Dados sobre o plano amostral e ponderação quanto a gênero, idade, grau de instrução e nível econômico do entrevistado
Mesmo que uma pesquisa tenha sido registrada na Justiça Eleitoral, seus realizadores não são obrigados a divulgar os resultados para o público. Mas, caso queiram, a divulgação do levantamento deve conter as seguintes informações:
  • O período de realização da coleta de dados
  • A margem de erro
  • O nível de confiança
  • O número de entrevistas
  • O nome da entidade ou da empresa que a realizou
  • Quem contratou a pesquisa, se for o caso
  • O número de registro da pesquisa