O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (4/5) ter todas as condições de vencer a corrida ao Planalto em outubro e minimizou a aproximação de Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas eleitorais. Segundo o presidenciável, as "pesquisas sérias" são realizadas presencialmente, e a distância entre os dois ainda está "muito grande".
"Ele não está se aproximando, eu não sei qual é a pesquisa que você está vendo", afirmou Lula, quando questionado em entrevista à CBN Campinas sobre a aproximação do atual presidente. "O Bolsonaro recuperou três ou quatro pontos [percentuais] depois da saída do [Sergio] Moro, mas se você perceber a nossa distância ainda está acima dos 15%. Isso é uma distância muito grande".
O petista defendeu ainda que as pesquisas de "institutos sérios" são as que realizam entrevistas pessoalmente, e não por telefone ou pela internet. Para ele, apesar da liderança nas intenções de voto, ainda "é preciso trabalhar, é preciso colocar o pé no chão, é preciso conversar com o povo brasileiro".
"Todas as eleições são difíceis", disse Lula. "Eu sinceramente acho que nós temos todas as condições de ganhar as eleições e voltar a governar o Brasil. [...] Acho que o povo brasileiro está querendo mudança. O povo brasileiro faz sistematicamente uma comparação entre aquilo que nós fizemos no nosso governo e aquilo que o atual governo está fazendo."
Questionado sobre como a eleição atual se compara com a de 2002, quando foi eleito ao primeiro mandato, o ex-presidente afirmou acreditar que sua campanha agora é mais forte do que há 12 anos. Lula defende ter mais votos agora do que em outras eleições das quais participou, e atribui parte desse sucesso às alianças que fez com o PSB, de seu pré-candidato a vice Geraldo Alckmin, com o PSol, entre outros partidos com os quais costura apoio.
"Quem gosta de viver no lixo, que viva no lixo"
O ex-presidente ainda comentou brevemente uma fala do vereador de Campinas Major Jaime (PP), apresentada durante a entrevista. O vereador afirmou que Lula deveria se internar para curar seu "vício em bebida" e seu "vício em roubar".
"Eu não costumo responder coisas rasteiras dos adversários. Mas é isso que as pessoas ligadas ao capitão pensam", disse o presidenciável, fazendo referência ao presidente Bolsonaro. "Eles não sabem fazer política de forma civilizada. Quem gosta de viver no lixo, que viva no lixo, porque eu não participarei disso"
Na entrevista, Lula ainda disse que não pretende fugir do tema de suas condenações e subsequentes anulações de processos no âmbito da Lava-Jato, mesmo não sendo "o assunto prioritário ao povo brasileiro". Ele defendeu ter provado em todos os 25 processos que foi alvo de mentiras por parte de Moro e do ex-procurador Deltan Dallagnol, e responsabilizou parte da imprensa brasileira por "ter sido enganada" pelos dois.