Jornal Estado de Minas

Bienal do Livro

Um prefeito escritor


Escritor não, escrevedor. Com extensa trajetória pública, o economista Fuad Noman (PSD), de 74 anos, prefeito de Belo Horizonte desde 29 de março, começou, na maturidade, a se dedicar à escrita. Com dois romances publicados, “O amargo e o doce” (2017) e “Cobiça” (2020), ele participou na tarde de ontem de bate-papo com o jornalista Chico Maia na Bienal Mineira do Livro, no BH Shopping.





A escrita veio em decorrência do gosto por contar histórias, disse ele. A conversa teve início justamente com uma, quando relembrou a máxima de que toda pessoa, para se realizar na vida, deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. “Plantei minha primeira árvore quando estava no jardim de infância. Estudava na Rua Espírito Santo e se a árvore ainda existir lá, deve estar velha. Tive dois filhos. Já contava minhas histórias, mas as guardava”, diz. O primeiro romance, Noman comentou, foi escrito rapidamente. As referências vieram da própria vida.

Um sobrinho, dono do tradicional Bar Tizé, no Bairro de Lourdes, abriu há alguns anos uma loja ao lado de outro bar, o Seu Cadim. A partir desse nome, Noman criou a narrativa de “O amargo e o doce”, que contava as desventuras de Cadim, jovem do interior que chega a BH e começa a trabalhar como garçom no Tizé – o próprio pai do prefeito, também Fuad Noman, foi garçom antes de abrir seu próprio restaurante, a Taberna Azul, que fez história na cidade na segunda metade do século 20.

Se o primeiro romance traz muito da vida do interior no passado, “Cobiça” começa quando uma jovem recebe mensagem numa rede social e vai para o interior descobrir a história de sua família. O livro ainda não teve lançamento oficial – programada para 17 de março de 2020, a noite de autógrafos foi adiada em decorrência da pandemia. O prefeito afirma que deve fazer o lançamento em breve.





Noman comentou que leva para os livros seu gosto pessoal. As narrativas partem rapidamente para a ação. “Tem autor que gasta duas, três páginas para descrever um ambiente. Eu me canso com isso. Acho melhor deixar para o leitor a capacidade de descobrir como são os personagens e locais. Dessa maneira, o leitor começa a construir sua própria história.”

Leitor voraz, Noman pretende lançar em breve seu terceiro romance, “Marcas do passado”. O drama, com pegada policial, tem início com um estupro. A partir de uma tragédia pessoal, o prefeito pretende, com a história, “refletir sobre o mundo de hoje”. Assim como vários escritores iniciantes, o prefeito é autor independente.