Praticamente definida como a candidata do consórcio formado por MDB, PSDB e Cidadania para a disputa à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) recebeu um apoio expressivo de seu partido, ontem, na Região Nordeste, principal trincheira da ala que defende a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno.
O presidente do MDB no estado, deputado federal Raul Henry, assegurou que Tebet tem o apoio de seu diretório. "É a candidatura com maior condição de representar o setor da sociedade que quer uma alternativa (a Lula e Bolsonaro)", sustentou Henry.
Citando dados da pesquisa qualitativa que selou a escolha da senadora como o nome da terceira via, apresentada na quarta-feira às comissões executivas das três legendas do consórcio, o deputado avaliou que, "se formos olhar os números, o Brasil tem, aproximadamente, 40% de intenção de voto em Lula, 30% em Bolsonaro, e 30% que quer outra alternativa. "E eu me coloco nesse grupo", acrescentou.
Desde que Tebet foi ungida como preferida da terceira via, aumentou o assédio de lideranças regionais para ter a senadora em eventos regionais do MDB. Uma fonte do comando do partido ouvida pelo Correio revelou que os convites para Tebet aumentaram consideravelmente nesta semana.
O presidente do diretório mineiro, deputado federal Newton Cardoso Jr., quer organizar um evento no estado com público de mais de duas mil pessoas para fortalecer a candidatura da senadora. Um grande evento em Mato Grosso também está sendo planejado por políticos do estado interessados em colar seus nomes ao da parlamentar.
Capacidade
O entendimento dentro do MDB é de que Tebet tem perfil e capacidade política para costurar apoios, algo que o ex-governador João Doria (PSDB) — rifado pelos três partidos — não conseguiu fazer no PSDB. Apesar da oposição de nomes fortes da legenda no Nordeste, como o senador Renan Calheiros (AL) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE), que apoiam Lula, a pré-candidata já colheu, até agora, o compromisso de 15 diretórios estaduais de marchar com ela na corrida pelo Palácio do Planalto.
Mas a margem para captar aliados está se estreitando. Tebet já foi alertada de que os acordos regionais para as eleições de governador, senador e deputados federais e estaduais já estão avançados. No Maranhão, por exemplo, o aval do diretório nacional ainda não foi definido. Há sinais, porém, de que o partido caminhe na direção do atual governador, Carlos Brandão (PSB), que, por sua vez, apoia Lula. No Ceará, de Eunício, e em Alagoas, de Renan, não há espaço para Tebet.
Mesmo fora do Nordeste, a avaliação do MDB é que, para angariar apoio, "a janela está se fechando". A coligação liderada por Lula, por exemplo, já se movimenta intensamente e confirmou respaldo do PSD em Minas Gerais, na quinta-feira. Agora, está de olho no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Tebet aguarda, atualmente, a confirmação de seu nome pelas executivas nacionais de MDB, PSDB e Cidadania para assumir o comando da terceira via. Ela também acompanha a movimentação de Doria. Caso ele aceite a decisão das lideranças da tríplice aliança e queira compor chapa como vice, o MDB não vai se opor. O problema deve ser resolvido internamente pelo PSDB, sem interferência dos outros partidos.
Em sabatina realizada na última segunda-feira pela Associação Comercial de São Paulo, antes do resultado da pesquisa dos partidos, Tebet enfatizou: "Se, porventura, meu nome for indicado, serei pré-candidata pelo meu partido, independentemente de outros partidos se somarem conosco ou não".