Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e pré-candidato a deputado federal, Guilherme Boulos (Psol-SP) classificou como "atitude insana" o aval do governo de Minas a um projeto de mineração na Serra do Curral. Nesta terça-feira (24/5), em entrevista ao Estado de Minas, ele não poupou críticas a Romeu Zema (Novo) quando tratou da exploração ambiental.
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O Psol deve estar no cordão de partidos favoráveis à candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo Boulos, uma das reivindicações de sua sigla para o apoio a Lula é a construção de um plano que preveja desenvolvimento econômico tendo a sustentabilidade como pilar. Para ele, o modelo baseado em ações como o desmatamento de parte da Amazônia "faliu".
"Queremos um modelo de desenvolvimento de transição energética, preservação ambiental, desmatamento zero e garantia de demarcação de terras indígenas. Foi em torno disso que se construiu uma aliança programática - como raramente se vê na relação entre os partidos no Brasil".
Os pessolistas mineiros compõem o grupo de políticos que tenta barrar a mineração na Serra do Curral. Bella Gonçalves, vereadora de Belo Horizonte, participou da entrega de um manifesto assinado por artistas. O documento, remetido a Agostinho Patrus (PSD), presidente da Assembleia Legislativa, e Fuad Noman (PSD), prefeito da capital, pede que os planos da Tamisa não saiam do papel.
Pico Belo Horizonte em risco
Estudos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apontam que o novo empreendimento de mineração na Serra do Curral pode trazer prejuízos à população por meio de possíveis problemas no abastecimento hídrico e o transporte de nuvens de poeira. As vibrações causadas pelos explosivos usadas para abrir caminho às escavações também são temidas.
Além disso, há receio por impactos ao Pico Belo Horizonte, que estampa a bandeira da cidade. Na semana passada, geólogos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente apresentaram dossiê que comprova a possibilidade de desmoronamento do cartão-postal da cidade.
Os materiais foram encaminhados à Justiça Federal, que analisa liminar da Procuradoria-Geral do Município (PGM) pela suspensão da licença dada à Tamisa. A mineradora, por sua vez, afirma que a capital não será afetada por seu empreendimento e, por isso, não tem "competência de opinar".