Em dois meses, a confiança dos brasileiros nas urnas eletrônicas diminuiu. O novo levantamento do Instituto Datafolha, publicado nesta sexta-feira (27/5), revelou uma queda de nove pontos percentuais na taxa de confiança dos entrevistados, em relação à última pesquisa, realizada em 25 de março.
Apesar da queda, a confiança ainda é predominante entre os brasileiros: 73% afirmaram acreditar no sistema eleitoral, ante 24% que se denominam desacreditados das urnas e 2% que não souberam opinar.
Em março, o nível de confiança era de 82%. Em contrapartida, a taxa dos que não confiavam nas urnas eletrônicas era menor: 17% dos entrevistados disseram que desacreditam da segurança da forma de se eleger figuras políticas.
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Feito entre quarta (25/5) e quinta-feira (26/5), o levantamento entrevistou 2.556 pessoas, acima de 16 anos, em 181 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S.Paulo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-05166/2022.
Maior taxa de confiança está entre eleitores de Lula; menor é de quem prefere Bolsonaro
A escolha de candidatos para o pleito de outubro de 2022 revela uma interferência na confiança das urnas. Protagonista de uma ferrenha batalha contra as urnas eletrônicas, agravada em 2021 com a proposição da proposta de emenda à constituição (PEC) do voto impresso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) continua a desacreditar o sistema eleitoral eletrônico.
De acordo com o levantamento, o entendimento é acompanhado pelos seguidores do chefe do Executivo: 40% deles dizem não confiar nas urnas, enquanto 38% confiam pouco. Apenas 20% confiam muito.
Já entre eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a alta confiança nas urnas está 34 pontos percentuais acima dos bolsonaristas. 54% de quem pretende votar no petista diz confiar muito nas urnas, enquanto 29% afirmam confiar pouco e 16% declararam não confiar.
Outro recorte que demonstra o cruzamento entre candidato e confiança nas urnas é o salarial. Enquanto o índice geral de não confiança é de 24%, a taxa aumenta para 34% em eleitores que ganham mais de dez salários-mínimos. Essa parte da população também tem preferência por Bolsonaro: 42% deles afirmaram votar no chefe do Executivo, segundo o Datafolha.
Entre evangélicos, maior índice é de 'pouca confiança'
Grupo eleitoral que, até o momento, tem demonstrado preferência por Bolsonaro, evangélicos tem opinião dividida sobre confiança nas urnas: 35% confiam pouco, 32% confiam muito e 31% disseram não confiar no sistema eletrônico de votos.
De acordo com o instituto, 39% dos evangélicos que responderam ao mesmo levantamento de confiança das urnas afirmaram votar no presidente.
A média de alta confiança, que é de 42% no espectro geral, cai para 38% entre mulheres e para 31% entre jovens de 16 a 24 anos. Nesse último grupo, a pouca confiança alcança 47%, 16 pontos percentuais a mais do que a média geral, de 31%.
Por outro lado, os entrevistados com mais de 60 anos - e que conviveram com o voto impresso - demonstram maior confiança nas urnas: 50% dizem confiar muito no sistema.