
Coincidentemente, no dia da visita a estrada foi cenário de um grave acidente entre um caminhão e uma carreta próximo ao km 435, em Ravena, distrito de Sabará. Quem viajava em direção ao Vale do Aço teve de passar horas no congestionamento de mais de cinco quilômetros provocado pela colisão. Entre motoristas ouvidos pelo Estado de Minas ao longo desse congestionamento, um consenso: a rodovia é uma sequência de obstáculos e necessita de atenção redobrada.

Também parado no congestionamento, Carlos Garbato, executivo de contas, de 34, também criticou a situação da rodovia: "A condição da via, aqui neste trecho, ainda está boa, mas lá para frente o trecho da rodovia é pior. É ondulação e buraco. Gosto muito de ir a João Monlevade, Itabira. A Ipatinga, faz dois anos que não vou; Governador Valadares também. Só de estrada cansa, e a última vez que voltei gastei nove horas de estrada e vi seis acidentes. Trezentos quilômetros de BH até lá para rodar em seis horas?", reclamou.
A BR-381, principalmente no trecho de BH até João Monlevade, é uma sequência de obstáculos para os motoristas. Além das curvas fechadas, são inúmeros os buracos, lombadas, pontes estreitas, irregularidades no asfalto, sinalização precária e vegetação alta às margens da estrada. Em alguns pontos, há obras que se arrastam e nunca são concluídas e nesses trechos existem desvios que deixam a estrada ainda mais perigosa.
“Precisamos que o governo federal tenha um olhar diferenciado para a BR-381. Não aguentamos a BR-381 do jeito que está, uma BR que todo dia ceifa um ente querido da gente e que há décadas vive nesse imbróglio. Precisamos que essa BR (duplicação) realmente saia do papel e que venha trazer tranquilidade para nossos familiares”, afirmou o prefeito de Coronel Fabriciano e presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Dr. Marcos Vinicius (PSDB).
Bolsonaro não viu de perto a situação real da BR-381, embora tenha trafegado de moto nela por alguns quilômetros em parte do trajeto do aeroporto de Ipatinga, em Santana do Paraíso, até Coronel Fabriciano - com uma motociata. Mas esse trecho é como se fosse uma avenida entre as duas cidades e não mostra os muitos problemas da estrada.
Promessas que não saem do papel
A novela da duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, começou em 2013, durante o governo Dilma Rousseff (PT), de 2010 a 2016, quando 11 trechos da rodovia foram licitados. Cada empresa ficaria responsável pela duplicação de um lote, recebendo pela obra executada. Embora os acordos tenham sido feitos, as licitações foram canceladas e retornaram aos processos de estudos do governo.
Em 2014, quase um ano depois, a então presidente assinou a ordem de serviço para a duplicação de cinco trechos. Na época, o governo federal chegou a prometer investir R$ 2,5 bilhões nas obras.
A obra de duplicação incluía a construção de cinco túneis, 34 pontes, 66 viadutos, além de 31 passarelas, 150 paradas de ônibus e de uma variante em Santa Bárbara, numa extensão de 303 quilômetros da BR-381. Quase nada disso foi feito.
A duplicação da rodovia sempre foi alvo de promessas de presidentes e ministros e classificada como assunto de extrema urgência – especialmente em anos de eleição –, mas nunca saiu do papel. Hoje, o que se tem são trechos com pistas duplicadas e outros com pistas simples.
No governo Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2018, pouco foi investido na obra. No governo Bolsonaro, as promessas continuam, mas a duplicação ainda está longe de ser concluída, para desespero de motoristas e passageiros que são obrigados a trafegar pela chamada Rodovia da Morte.
Exército faz reparos na pista
